segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Assim e Assado

Diz o slogan, a propósito de Santa Luzia ser a capital do simpático cefalópode: "O polvo é bom. Assim e assado".

O blog apresenta, muito a propósito, o documentário Na Teia do Polvo, rodado durante este ano em Santa Luzia. Neste trabalho se dá a conhecer a evolução da pesca do polvo, as agruras e alegrias dos pescadores, o seu modo de vida e a sua difícil situação, graças às políticas de pesca que, discutidas tão longe, se vão praticando entre nós. Dito isto, parece este mais um documentário que aborda pela enésima vez os mesmos temas e variações e da mesma forma. Puro engano.

Em primeiro lugar, porque o realizador e argumentista avançou sozinho para este e outros trabalhos, sem saber se chega a receber apoios que lhe foram destinados. Esta é "simplesmente" uma aventura em que José Meireles, na companhia da sua reduzida equipa - Pedro Davim e Alexandre Lau - parte à procura das pessoas e dos segredos de Santa Luzia, auscultando atentamente o que elas e eles têm para contar.

Em segundo lugar, porque a forma de trabalhar de José Meireles está próxima, na nossa opinião, do trabalho de António Campos. O realizador leiriense, em Falamos de Rio de Onor, 1974, anuncia no genérico que o filme é "realizado a expensas do autor". Mas para além do lado financeiro, é como Campos que José Meireles "desce" do seu ponto de observação filtrada pela câmara, para se colocar ao nível do olhar, do sentimento, do sofrimento, do suor, das lágrimas do pescador, esse indivíduo tão caro a António Campos. É ombro a ombro com o pescador que assiste à preparação das armadilhas e à captura do polvo. É por entre a comunidade piscatória que se move, é no seio da família que observa as vozes, os calos, as rugas e a vida do pescador. E estes são os aspectos, mais do que as técnicas que trazem o polvo até ao prato, que tecem a verdadeira teia que o título anuncia.

O blog está em condições de anunciar que este documentário, rico em conteúdo que é parte da herança cultural do Concelho de Tavira, será projectado no Cine-Teatro António Pinheiro no próximo dia 17 de Dezembro. Muito provavelmente, o realizador José Meireles fará a apresentação, com a sua imagem de conhecido actor, mas com a modéstia e o low-profile dos bons observadores das coisas da vida.

LG












Filmografia - Actor de Cinema:

Malvadez, Luis Alvarães, 1990

Coitado do Jorge, Jorge Silva Melo, 1993

O Miradouro da Lua, Jorge António, 1993

Três Irmãos, Teresa Villaverde, 1994

Zéfiro, José Álvaro Morais, 1994

Do Outro Lado do Tejo, Piconé, 1995

Tentação, Joaquim Leitão, 1997

Camarate, Luís Filipe Rocha, 2000

Combat d'Amour en Songe, Raoul Ruiz, 2000

Peixe Lua, José Álvaro Morais, 2000

Xavier, Manuel Mozos, 2001


Filmografia - Realizador:

Uma Casa na História, 2009

Afurada - Cerco com Tucas, 2010, documentário

Na Teia do Polvo, 2011, documentário

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

D'Aprés Hergé!

Era inevitável. Mais cedo ou mais tarde, na senda desse filão de argumentos chamado Banda Desenhada, Tintim tinha que chegar à tela, ainda que este projecto tenha estado em maturação durante quase vinte anos, e ainda que haja anteriores adaptações.

Steven Spielberg e Peter Jackson, cineastas que dispensam apresentações, tecnicamente exigentes e irrepreensíveis, assinam uma obra cinematográfica muito especial. A tecnologia motion-capture, de que vimos Gollum da saga Lord of the Rings e King Kong, permite hoje a animação digital das personagens do mundo do jovem jornalista belga.
E a verdade é esta: a riqueza do filme - para o blog um maravilhoso filme de aventuras - está no compromisso entre os traços bidimensionais da BD e a tridimensionalidade que o digital permite, humanizando as figuras sem escapar ao tão falado "espírito da série". Este espírito, claro está, faz de Tintim um fenómeno intemporal de aventuras para consumir "dos 7 aos 77 anos".

O livro O Segredo do Licorne é uma história que se completa com O Tesouro de Rackham o Terrível, habilmente condensadas e adaptadas à Sétima Arte, com muitos elementos de um outro livro, anterior, que tem por título O Caranguejo das Tenazes de Ouro, além de muitas piscadelas de olho a várias outras aventuras. Tintim, Milú, Dupont e Dupond, Castafiore e o incontornável Haddock do também incontornável Andy Serkis, habituée nestas coisas do motion-capture. Todos humanizados, tridimensionais e fiéis às caracterizações livrescas, física e psicologicamente.

The Adventures of Tintin: The Secret of the Unicorn arrisca-se a ser um caso muito sério de popularidade, que promete não se esgotar antes de vários livros adaptados ao cinema por Peter Jackson, segundo o que está estipulado.

Mas muito mais do que isso, o espírito Tintim sempre transportou consigo - e agora para as grandes massas consumidoras - o espírito de um herói terra-a-terra, sem poderes nem poções, com uma profissão, e que resolve problemas e vence criminosos com as mais poderosas armas do mundo: a inteligência e o bom senso.

Assim sendo, não sejamos detractores deste filme só porque se trata de cinema norte-americano, de efeitos especiais e de Steven Spielberg, pois este é um filme para todo o mundo. Para todos os povos. Para toda a humanidade.

Resta agradecer ao internacional triunvirato (uma palavra portuguesa para troika, imagine-se) composto pelo americano Spielberg, pelo neo-zelandês Jackson e pelo belga Georges Remy, aliás Hergé.

LG

Outras adaptações:


1961 - Tintin et la Mystère de la Toison d'Or


1964 - Tintin et les Oranges Bleues


1969 - Tintin et le Temple du Soleil (animação)


1972 - Tintin et le Lac aux Requins (animação)


quinta-feira, 21 de julho de 2011

Do Caos ao Sucesso

Se é verdade que os maiores êxitos têm como ponto de partida as situações mais desfavoráveis, a 12ª Mostra de Cinema Europeu de Tavira é uma prova cabal desse facto.

Esta Mostra - que nasceu sob a dúvida de não se realizar por falta de apoios (vejam o video em baixo) - arrancou com a excelente atmosfera que caracterizam os eventos de Verão do Cineclube.
6ª feira, dia 15. O filme - Le Concert - vencia a provação de filme de abertura, e o intervalo tivera já lugar, quando a maior das provações para um certame deste tipo ocorreu. Foi com a exibição suspensa que se consumou a avaria do projector que nos acompanha, o qual não mais permitiu qualquer som ou imagem.

E neste ponto, é mais do que justo referir a iniciatiiva do sócio Henrique Veludo que, com a sua serenidade permitiu que - pelo menos - alguma esperança houvesse perante a avaria. O Henrique e o André são responsáveis pelo sucesso desta Mostra. A serenidade do Henrique e a agitação do André, contraponto um do outro, testaram e voltaram a testar. Mas não foi possível Mostrar.

Sábado, dia 16. Os dois partiram rumo a Vila Nova de Milfontes, na costa alentejana, região de veraneio. Levava-os até lá não as praias ou o sol, mas a prestabilidade e o amor à profissão de António Feliciano, famoso projeccionista ambulante do nosso país. O seu projector - igual ao do Cineclube - salvaria a honra do convento, convento que, como se sabe, é local de exibição das nossas Mostras.

Trocadilhos à parte, as trocas resumiram-se aos cabos que, no meio da pressa, ficaram em Milfontes. E o projector do amigo Feliciano não se compatibilizou com os cabos do projector do Cineclube. A conclusão foi a suspensão da exibição de The Ghost Writer...

"Amanhã haverá sessão, nem que eu tenha de ir à lua!", exclamava o André a um casal dinamarquês que, apesar da sua desilusão, confortava o André, enquanto o Henrique rumava a Lisboa com o projector do Cineclube para reparação.

Nestas duas noites, contaram-se cerca de dez entradas devolvidas, enquanto se anunciava a exibição dos dois filmes para além do dia final da Mostra, isto é, para 3ª e 4ª feira dias 26 e 27 de Julho. E este é o primeiro grande sucesso nascido do caos em que se transformou o arranque da Mostra.

Domingo, dia 17. O André partiu, não para a lua, mas para Vila Nova de Milfontes - outra vez! - na demanda dos cabos do projector que esquecidos repousavam no Cinema Girassol do António Feliciano. À hora da exibição do filme L'Illusioniste - mas só à hora - o projector estava operacional. Um êxito nascera que daí para cá ronda os 120-140 espectadores por noite. E nisto, meus amigos, consiste o segundo grande sucesso da Mostra.

Quantos eventos têm este tipo de afluência depois de dois espectáculos cancelados? É a pergunta que se pode deixar no ar. As noites em Tavira andam ventosas mas o público não arreda pé. Há toda um equipa que zela pela logística e bom ambiente da Mostra. Mas os louvores vão - têm que ir - para o André Viane, o Henrique Veludo e o António Feliciano.

Hoje, o sucesso continua com a exibição de Nothing Personal.

Fica a imagem - ainda que má - e o som da abertura.

Bom cinema!

LG


terça-feira, 12 de julho de 2011

Do Abstarcto ao Figurativo









A arte abstracta e a fotografia estão em exposição no Palácio da Galeria em Tavira.
Nascido em Sevilha em 1934, Luis Gordillo é um dos mais significativos representantes da pintura abstracta de Espanha. No seu percurso são notórias as influências abstractas cubistas de Fernand Léger, do Informalismo ou da Arte Pobre, ou ainda de uma série de subcorrentes que agregavam os AAA - American Abstract Artists, bem como se adivinha, aqui e ali, vagas sugestões da Pop Art de Andy Wharol e seus seguidores.




Em 2007, culminando cerca de meio século de actividade de criação, de muitas exposições - também internacionais - e um bom punhado de distinções, vence o importante Prémio Velasquez para as Artes Plásticas.
Tavira junta-se agora ao currículo de exposições individuais de Luis Gordillo, em mais uma iniciativa organizada pela equipa de Cultura da Câmara Municipal.


Quem for ao Palácio da Galeria, verá como a luz do dia e as paredes do pátio do edifício, de um branco reequilibrador, funcionam como charneira entre este universo de pintura, de abstraccionismo, de interpretação onírica; e um outro universo de objectividade, de fixação da realidade, de imagens tão figurativas como são as da arte fotográfica.


Cem anos de actividade é muito tempo, ainda que se trate do trabalho de quatro gerações de fotógrafos. É assim a família Andrade de Tavira. Quando Apolinário se fixou em Tavira, vindo de Castro Marim, não imaginaria que Miguel, seu bisneto, estaria actualmente em actividade como fotógrafo. E só este dado tem a natural beleza que, à partida, só as próprias famílias reconhecem e compreendem.


Mas em Tavira não é assim. Os filhos de Apolinário - Damião, Luís, João - são sobejamente conhecidos ou recordados, com o respeito e a estima de todos, para juntamente com os netos Luís ou Alcide, fazerem da família Andrade uma referência.


São cem anos a fotografar Tavira e os tavirenses. São muitos milhares de fotografias, são muitas horas de dedicação, são muitas pessoas unidas, em família e em vocação.


A homenagem é merecida. Em boa hora a Câmara Municipal de Tavira celebra uma família que deixa de legado - e continua a deixar todos os dias - para a posteridade, um riquíssimo arquivo de imagens de Tavira, sem o qual a investigação histórica sobre a região seria, de todo o modo, radicalmente diferente.


Mas a Câmara Municipal de Tavira vai mais longe, e há uma afirmação de vontade em prolongar a investigação histórica até ao detalhe individual. Para isso, todos os que visitarem este trabalho estão convidados. Assim, e como se expressa durante a exposição, se identificar alguém, por favor deixe assinalado no livro de visitas. E assim o tavirense colabora na historiografia da sua cidade.


Vale a pena a visita, que termina como nós mais gostamos, isto é, com filmes ou, neste caso, com imagens em movimento. Montagem do Miguel Andrade.


Vale a pena a visita.


LG












quarta-feira, 6 de julho de 2011

A Quase Não-Mostra

Saudações!
Pois é, a 12ª Mostra de Cinema Europeu de Tavira está prestes a arrancar, depois de ter estado seriamente em causa mais uma série de 11 sessões de cinema ao ar livre.

Para quem planeia aparecer ou colaborar no antigo Convento do Carmo, pode agradecer ao André Viane a sua teimosia e persistência. Foi ele que salvou in extremis a falta de apoios e patrocínios, continuando a comandar este barco que quase não chagava a bom porto.

Ainda bem que, em tempo de séria crise, a Câmara Municipal de Tavira disponibilizou uma verba que, apesar de escassa, permite que o Verão em Tavira continue a ter nas Mostras de Cinema o seu ponto alto na programação cultural estival da cidade.

Assim, uma quantia semelhante à mesma que foi disponibilizada no início dos anos 90!!!! para a organização das duas edições do Festival Internacional de Cinema de Tavira, vai contar para que o Convento do Carmo se torne a encher de bom cinema, bom ambiente, boa disposição, da bilheteira até à tela, passando pelo bar.

Os animados e incansáveis colaboradores, staff que também por isso o evento não dispensa, garante horas muito bem passadas na companhia dos filmes que podem consultar aqui mesmo em


Os destaques naturais vão ao encontro dos filmes de Roman Polanski, Mike Leigh, Tm Hooper ou Jean-Pierre Jeunet, mas o grande destaque vai, na nossa opinião, para o documentário José e Pilar de Miguel Gonçalves Mendes, de que o blog fez eco já há vários meses. Não é demais destacar a figura de José Saramago e o que ela representa para a Cultura portuguesa, embora a figura principal desta obra seja a sua mulher Pilar del Rio. E por esta mesma razão e pela maneira como Gonçalves Mendes sentiu e transmitiu a energia de Pilar, é este um belíssimo documentário que passa por ser português, mas que na realidade é luso-hispano-brasileiro.

Além disso, é o único representante na Mostra do cinema documental, um género cinematográfico tantas vezes mal tratado...

Mas atenção: Quando José e Pilar chegar à tela, já uma semana inteira de cinema aconteceu. O filme Le Concert de Radu Mihaileanu abre o evento, e estão todos convidados. Onde? Páteo do Convento do Carmo, sexta-feira 15 de Julho às 21:30h.

Bom cinema!

LG

quinta-feira, 24 de março de 2011

Cleopatra Taylor, 1932-2011

Nunca é demais lembrar os que desapareceram do mundo, e que ficam, imortais, na memória colectiva e individual, em bocados da fílimica celulóide, enfim, na História do Cinema, arte que celebramos em Tavira todas as semanas.
Elizabeth Taylor, a controversa Liz Taylor, que dos 11 anos - com a cadela Lassie - em diante construíu uma brilhante e estrondosa carreira, deixou-nos durante o dia de ontem aos 79 anos. É porventura impossível não a identificar com a Cleopatra que compôs no filme homónimo, ao lado daquele que viria a ser o seu 5º marido, Richard Burton / Marco Antonio.
Mas as suas qualidades foram reconhecidas sobretudo com as nomeações para o Oscar de Melhor Actriz nos filmes Raintree County, Cat on a Hot Tin Roof e Suddenly, Last Summer. Os prémios da Academia chegaram depois, em Butterfield 8 e Who's Afraid of Virginia Woolf?.
Despediu-se das telas em 1994 no filme The Flintstones, e de uma vida preenchida na manhã de ontem.
LG

Filmografia:
There´s One Born Every Minute, Harold Young, 1942
Lassie Come Home, Fred M. Wilcox, 1943
Jane Eyre, Robert Stevenson, 1943
The White Cliffs of Dover, Clarence Brown, 1944
National Velvet, Clarence Brown, 1944
Life With Father, Michael Curtiz, 1947
Cynthia, Robert Z. Leonard, 1947
A Date With Judy, Richard Thorpe, 1948
Julia Misbehaves, Jack Conway, 1948
Little Women, Mervyn LeRoy, 1949
Conspirator, Victor Saville, 1949
The Big Hangover, Norman Krasna, 1950
Father of the Bride, Vincente Minnelli, 1950
Father's Little Dividend, Vincente Minnelli, 1951
A Place in the Sun, George Stevens, 1951
Quo Vadis, Mervyn LeRoy, 1951
Love is Better Than Ever, Stanley Donen, 1952
Ivanhoe, Richard Thorpe, 1952
The Girl Who Had Everything, Richard Thorpe, 1953
Rhapsody, Charles Vidor, 1954
Elephant Walk, William Dieterle, 1954
Beau Brummell, Curtis Bernhardt, 1954
Last Time I Saw Paris, Richard Brooks, 1954
Giant, George Stevens, 1956
Raintree County, Edward Dmytryk, 1957
Cat on a Hot Tin Roof, Richard Brooks, 1958
Suddenly, Last Summer, Joseph L. Mankiewicz
Scent of Mystery, Jack Cardiff, 1960
Butterfield 8, Daniel Mann, 1960
Cleopatra, Joseph L. Mankiewicz, 1963
The V.I.P.s, Anthony Asquith, 1963
The Sandpiper, Vincente Minnelli, 1965
Who's Afraid of Virginia Woolf?, Mike NIchols, 1966
The Taming of the Shrew, Franco Zeffirelli, 1967
Doctor Faustus, Richard Burton, Nevill Coghill, 1967
Reflections in a Golden Eye, John Huston, 1967
The Comedians, Peter Glenville, 1967
Boom, Joseph Losey, 1968
Secret Ceremony, Joseph Losey, 1968
Anne of the Thousand Days, Charles Jarrott, 1969
The Only Game in Town, George Stevens, 1970
Zee and Co., Brian G. Hutton, 1972
Under Milk Wood, Andrew Sinclair, 1972
Hammersmith is Out, Peter Ustinov, 1972
Night Watch, Brian G. Hutton, 1973
Ash Wednesday, Larry Peerce, 1973
Identikit, Giuseppe Patroni Griffi, 1974
The Blue Bird, George Cukor, 1976
A Little Night Music, Harold Prince, 1977
Winter Kills, William Richert, 1979
The Mirror Crack'd, Guy Hamilton, 1980
Il Giovani Toscanini, Franco Zeffirelli, 1988
The Flintstones, Brian Levant, 1994

Artur Agostinho, 1921-2011

De anteontem chega a triste notícia do desaparecimento de Artur Agostinho, aos 90 anos. Com a fama - e proveito - de ser essencialmente um comunicador, não deixou por isso de inscrever o seu nome no cinema, representando em várias longas-metragens.
Os mais novos identificam-no com umas quantas telenovelas e outras séries televisivas. Os menos novos, conseguem lembrar-se da forma como abrilhantava alguns concursos de televisão nos idos de 8o. Mas a sua notabilidade parte, e esteve sempre, na rádio, sobretudo nas rubricas desportivas, onde foi um exímio comentador, quer em futebol, quer noutras modalidades que já tiveram mais atenção da comunicação social.
Falando de cinema, onde fez dezenas de trabalhos de locução em documentários, Artur Agostinho actor - que também experimentou o teatro - contracenou com gigantes das telas e dos palcos portugueses. António Silva e Laura Alves encabeçam uma lista que conta também com presenças como Amália Rodrigues, Milú, Curado Ribeiro, Virgílio Teixeira e Raul Solnado.
Singela homenagem esta, em formato de blog, onde deixamos a filmografia como actor de Artur Agostinho.
LG

1947 - Aqui Portugal!, Armando de Mranda
1947 - Capas Negras, Armando de Miranda
1947 - O Leão da Estrela, Arthur Duarte
1949 - Cantiga da Rua, Henrique Campos
1951 - Sonhar é Fácil, Perdigão Queiroga
1957 - Dois Dias no Paraíso, Arthur Duarte
1958 - Alguns dos Muitos... Problemas de Trânsito (curta-metragem), João Mendes
1958 - O Tarzan do 5º Esquerdo, Augusto Fraga
1959 - O Metropolitano (curta-metragem), Arthur Duarte
1960 - Encontro Com a Vida, Arthur Duarte
2004 - Tudo Isto é Fado, Luis Galvão Teles

quarta-feira, 2 de março de 2011

Barry, John Barry (1933-2011)

Está já longe de ser notícia, pois passou mais de um mês desde que foi anunciado.
O blog vem, tardiamente, prestar homenagem a um vulto incontornável do Cinema, no campo da composição musical. John Barry desapareceu a 30 de Janeiro aos 77 anos, deixando de legado uma vasta obra que percorre mais de quatro décadas de escrita de música, consagrada com inúmeros prémios incluindo cinco Óscares.
Além das oscarizadas partituras dos filmes Born Free (1966, que ganhou dois prémios da Academia - Música e Canção originais), Lion in Winter (1968), Out of Africa (1985) e Dances With Wolves (1990); merecem referência, também os títulos: Midnight Cowboy (1969), Body Heat (1981), The Cotton Club (1984), Peggy Sue Got Married (1986) e Chaplin (1992).
Para os aficionados do agente 007, fica a nota de que John Barry fez música para 11 filmes da série James Bond, apesar de não ser o criador do tema com que o agente secreto é identificado. Essa honra, que cabe a Monty Norman - justiça se faça - em 1962, não apaga a intrínseca ligação entre os dois J. B. britânicos - Barry e Bond.
A importância do seu trabalho para a 7ª Arte é tão rica e importante como é incontornável o seu estilo melodioso caracterizado pela repetição das curtas passagens das suaves melodias que compunha.
LG

Outros temas: Goldfinger (1964), The Knack... and How to Get It (1965), On Her Majesty's Secret Service (1969), Mary, Queen of Scots (1971), The Day of the Locust (1975), King Kong (1976), Robin and Marian (1976), The Black Hole (1979), Ruby Cairo (1993), A View to a Kill (1985), The Living Dayligts (1987), Indecent Proposal (1993)

Colin e Portman: Uns e ...os Outros

As previsões apontavam Colin Firth e Natalie Portman como vencedores dos Oscares para os melhores actor e actriz do ano. Do primeiro, prémio justo para um actor que, até The King's Speech, construiu uma carreira pautada pela competência, profissionalismo e qualidade. Longe vai a formação teatral, arte em que tem vasta experiência e à qual sempre regressa. A notoriedade chegou com o televisivo Pride and Prejudice em 1995, e com filmes como Valmont, The English Patient, Shakespeare in Love, Bridget Jones Diary, Love Actually e Mamma Mia!.
O que aconteceu aos outros nomeados no campo da representação no filme The King's Speech? Terá sido uma surpresa ver Geoffrey Rush e Helena Bonham Carter serem preteridos, a favor dos candidatos de The Fighter? Talvez não, pois Melissa Leo e Christian Bale são, desde há muito, actores de segunda linha que, graças ao filme de David O. Russell, saltaram para o estrelato.
Longe vão os tempos do petiz Bale que se fascinava com os aviões de guerra - Cadillac of the skies - em Empire of Sun de Steven Spielberg. Passou mais ou menos "incógnito" em filmes como Portrait of a Lady e Velvet Goldmine, mas American Psycho deu-lhe notoriedade, antes dos Batman - The Dark Night - da era pós-Tim Burton. De Melissa Leo, muito poucos se lembrarão da sua passagem pela série televisiva Miami Vice dos anos 80, actriz que se catapultou com 21 Grams e a série The L Word na televisão.
Numa noite em que não houve vitórias esmagadoras, as chamadas "categorias técnicas" foram divididas pelos filmes The Social Network (3) e Inception (4), o mesmo número de Oscares ganhos por The King's Speech, vencedor natural com Argumento Original, Actor, Realizador e Filme.
Natalie Portman dispensa qualquer comentário depois de tantos prémios. Consagração definitiva e culminar de carreira de um filme - Black Swan - feito à sua medida.
O blog deixa aqui a lista completa dos vencedores.
LG

Russell, the Outlaw (1921-2011)

Com o falecimento, há dois dias, de Jane Russell, desaparece um incontornável sex symbol da História do Cinema. Quase uma década depois, Marilyn Monroe daria nas vistas, com quem contracenaria mais tarde em Gentlemen Prefer Blondes.
Desconhecida actriz, foi descoberta pelo milionário excêntrico e aspirante de cineasta Howard Hughes. O resultado foi o western The Outlaw - A Terra dos Homens Perdidos, realizado por Hughes, depois de despedir desse cargo o outro Howard, Hawks. Rodado em 1941, só estrearia em 1943 - apenas numa sala - pois Hughes recusou-se a aplicar os cortes que a censura determinara. Isto é, os perturbantes planos de Jane Russell e dos seus dotes físicos determinariam a pobre carreira de um filme que, de resto, não é nenhuma obra-prima...
Disse Hughes: "Há dois bons motivos para os homens irem ver o filme". E para bom entendedor meia palavra basta. Jane Russell, rotulada como sex symbol, viu a sua carreira colada à imagem deste filme sem que se fizesse justiça ao seu talento.
Em finais dos anos 50 deixou o Cinema, dedicando-se a esporádicos trabalhos em clubes, televisão e teatro, de onde não sairia. Alguns filmes na década de 60 não a fizeram voltar à tela pela porta grande.
Desaparecida anteontem, 28 de Fevereiro, o blog presta-lhe homenagem e deixa a sua filmografia para cinema.
LG

The Outlaw, A Terra dos Homens Perdidos, Howard Hughes, 1943
Young Widow, Escrava do Passado, Edwin L. Marin, 1946
The Paleface, Norman MacLeod, 1948
His Kind of Woman, John Farrow, 1951
Double Dynamite, Casar Não Custa, Irving Cummings, 1951
Macao, Macau, Josef von Sternberg, 1952
The Las Vegas Story, Robert Stevenson, 1952
Son of Paleface, Frank Tashlin, 1952
Montana Belle, Allan Dwan, 1952
Gentlemen Prefer Blondes, Os Homens Preferem as Loiras, Howard Hawks, 1953
The Frenchline, Lloyd Bacon, 1953
Foxfire, Joseph Pevney, 1955
Underwater!, John Sturges, 1955
Gentlemen Marry Brunettes, Os Homens Preferem as Morenas, Richard Sale, 1955
The Tall Men, Duelo de Ambições, Raoul Walsh, 1955
Hot Blood, Sangue Cigano, Nicholas Ray, 1956
The Revolt of Mamie Stover, Raoul Walsh, 1956
The Fuzzy Pink Nightgown, Norman Taurog, 1957
Johnny Reno, R. G. Springsteen, 1966
Waco, R. G. Springsteen, 1966
The Born Losers, Tom Laughlin, 1967
Darker Than Amber, Robert Clouse, 1970

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Ir ao Cinema, Viajar

O fim-de-semana cinematográfico faz-se ao sabor de viagens que fazemos para lá e para cá, entre Lisboa e Tavira. As duas exibições que o blog sugere para estes dias são também sobre viagens, aventuras, missões a cumprir. Uma pequena viagem também, se assim se entender, entre duas cinematografias, entre duas épocas, entre dois países, entre duas salas de cinema, entre dois públicos, entre duas cidades.
A primeira das nossas sugestões fala de uma aventura, uma expedição colorida, musical, com uma sugestão de fantástico, através do mundo animal. A segunda, menos fantástica que movimentada, aposta na acção, na tecnologia e na pirotecnia, com vincados apontamentos musicais que sugerem as paragens latinas dos sombreros mexicanos onde tem lugar a acção.
O pólo da Cinemateca Portuguesa vocacionado para o público infanto-juvenil, sugere para este Sábado o filme Doctor Dolittle. Realizado em 1967 por Richard Fleischer, é protagonizado por um dos mais emblemáticos e carismáticos actores britânicos, Rex Harrison.
Tomamos emprestadas as linhas com que a Cinemateca apresenta o filme, a ser exibido como habitualmente no Salão Foz: "Adaptação das histórias de Hugh J. Lofting sobre o doutor Dolittle, um médico que, ajudado pelo seu papagaio, aprende a "linguagem" [sic] dos animais, e com a sua arte procura arranjar fundos para uma expedição em busca do fabuloso caracol cor-de-rosa gigante marinho. Nova incursão de Rex Harrison no musical, depois de My Fair Lady".
O fim-de-semana termina com cinema no nosso estimado Cine-Teatro António Pinheiro. Terá lugar a projecção de Machete, de Robert Rodriguez e Ethan Maniquis. Rodriguez habituou os seus espectadores a uma estética que se formula a partir do cinema de Quentin Tarantino, mas que não seria nada sem as raízes que encontra no "western spaghetti" dos anos 50 e 60.
A corrupção, o tráfico de droga, a traição e a vingança dão matéria para muita acção, virilidade e armas de fogo, manipuladas por Danny Trejo, Robert deNiro, Steven Segal e Don Johnson, contrapostos com a beleza, a delicadeza e a sensualidade de Michelle Rodriguez e Jessica Alba.
Em Lisboa, em Tavira, onde quer que seja, o blog deseja aos seus seguidores e amigos um bom fim-de-semana e Bom Cinema.
LG



Oscares: Quase Nada a Dizer

Pouco mais de uma semana têm os cinéfilos, para saberem quem são os vencedores dos Oscares de 2011.
A parte mais visível e indiscutivelmente mais popular da AMPAS - Academy of Motion Picture Arts and Sciences, tem lugar no próximo dia 27 de Fevereiro, Domingo ou, entre nós, já na 2ª feira.
A verdade é que não há muito a conjecturar sobre favoritismos. The King's Speech é favorito absoluto, seguido a confortavel distância por The Social Network. E se estes dois filmes disputam, mais que provavelmente, os principais prémios, tem que se realçar o prémio a atribuir como melhor actriz, cujas probabilidades recaem - e o palmarés do filme confirma-o - sobre Natalie Portman em Black Swan.
Não é a primeira vez que um filme maioritariamente europeu (e neste caso britânico) leva a melhor na maior festa do ano do cinema norte-americano. Laurence Olivier fez História quando em 1946 ganhou o prémio de melhor filme do ano com Henry V, tal como aconteceu com Chariots of Fire de Hugh Hudson ou Amadeus de Milos Forman, já nos anos 80.
Para os anfitriões de Hollywood, se exceptuarmos as poucas possibilidades de David Fincher ser eleito realizador do ano e o prémio seguro de Natalie Portman, o ponto alto vai pertencer a Toy Story 3, que dificilmente deixará escapar o estatuto de melhor filme de animação de 2010.
O blog deixa aqui o sítio para a lista completa dos candidatos, com votos de Bom Cinema!
LG
http://www.oscars.org/awards/academyawards/83/nominees.html

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

BAFTA, antevisão de OSCAR

Foram anteontem anunciados os vencedores de 2011 dos prémios BAFTA - British Academy Film and Television Awards.
Se dúvidas ainda houvesse, The King's Speech confirmou com superioridade o favoritismo ao ser consagrado, definitivamente, como o melhor filme do ano, ainda que pese o facto de ser um filme britânico (na realidade uma co-produção entre Reino Unido, Austrália e Estados Unidos) sobre britânicos e sobre a nobilíssima e distintíssima Casa Real de Windsor. Veja-se a imagem de Helen Mirren, que ganhou o BAFTA com a interpretação da Rainha Isabel II no filme The Queen, isto sem querer pôr em causa o brilhante desempenho de tal subdita de Sua Magestade.
Evidentemente, cabe aqui dizer como é tradição, e tão costumeiro nestas coisas de analisar prémios atribuídos por uma entidade tão vasta como uma academia de cinema e não por um júri de festival, que vão ser os Óscares da Academia a confirmar em definitivo se é este ou aquele o melhor filme do ano. Até porque o realizador Tom Hooper não venceu o realizador de The Social Network, David Fincher, a quem a Academia hollywoodesca deve - porventura moralmente - uma estatueta.
E por falar em moralidades, é quase obrigatório destacar o prémio para a Melhor Actriz, mais um entre já muitos para o desempenho de Natalie Portman em Black Swan, que muito vive da sua representação. Tal facto confirma que Portman é, não apenas uma actriz de tendência juvenil e frágil, como também capaz de boas e sólidas prestações, capazes de ficar muito tempo na retina dos espectadores.
Mas a verdade é que The King's Speech ganhou, salvo o de realização, os principais prémios atribuídos, onde se contam além do de melhor filme, aqueles que são atribuídos aos melhores Argumento Original (David Seidler), Actor (Colin Firth), Actor Secundário (Geoffrey Rush), Actriz Secundária (Helena Bonham Carter) e Música (Alexander Desplat).
O blog, que sempre deseja bom cinema aos seus leitores, deixa aqui o link para a lista completa de nomeados e vencedores.
LG