terça-feira, 23 de dezembro de 2014

In Memorian: António Montez

A notícia da morte do actor António Montez (1941-2014) trouxe à memória o seu trabalho nas primeiras telenovelas portuguesas, produzidas na primeira metade dos anos 80. Basta verificar, de resto, o que se diz nos orgãos de comunicação.
Parece-me irritante que não se evoque o facto de este actor ter chegado à profissão  através do trabalho desenvolvido na companhia Teatro Experimental do Porto, com a qual colaborou entre 1964 e 1977. O Teatro Estúdio de Lisboa, a Adoque - Cooperativa de Trabalhadores de Teatro, a Seiva Trupe e o Novo Grupo/Teatro Aberto, fazem parte do seu currículo de actor, contando-se quase 50 espectáculos montados com a sua participação.
Parece-me igualmente irritante que António Montez não seja lembrado pela sua passagem pelo cinema, onde foi actor secundário em meia-dúzia de produções. Pouco, é verdade, quando se pensa que são filmes feitos num periodo de 20 anos. Mas não deixou de emprestar a esses filmes a sua competência em representação e em dicção, esta uma arma característica do actor.
Mais ainda: Nem uma palavra sobre a sua crucial passagem pela animação exibida em Portugal, ainda que se repita até à exaustão o seu trabalho em televisão. Consultando a internet, encontram-se referências a dobragens que fez em dois filmes de animação americanos na década passada. E o seu importantíssimo trabalho de dobragem em séries de animação nos anos 70 e 80??
A começar na série Heidi, que por acaso foi a primeira série dobrada em Portugal, podemos recordar, e de memória: Marco; Jacky, o Urso de Tallac; Banna e Flapi; D'Artacão e os Três Moscãoteiros; Tom Sawyer. E a lsita tem fortíssimas probabilidades de estar muito incompleta. Por esta razão, por ser senhor de uma característica e marcante voz, por trabalhos de elevada competência que marcaram uma geração de público infanto-juvenil e a história da animação em Portugal (e não portuguesa); António Montez é figura incontornável e importantíssima no panorama da animação exibida entre nós. 
É triste pois, que nem uma palavra se escreva em jornais ou se diga em televisões, a começar pela RTP, onde se exibiram todas essas séries.
Jornalismo de qualidade, investigação meritória...
Participou nos seguintes filmes de ficção, salvaguardando a hipótese de esta ser uma lista incompleta:
 - Pedro Só, Alfredo tropa, 1970
 - Os Toiros de Mary Foster, Henrique Campos, 1972
 - Alexandre e Rosa, João Botelho e Jorge Alves Silva, 1978
 - Dina e Django, Solveig Nordlund, 1981
 - Eternidade, Quirino Simões, 1991
 - Adeus Princesa, Jorge Paixão da Costa, 1992
 - Amália - O Filme, Carlos Coelho da Silva, 2008
LG

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

5ª Feira, 11 Dezembro 2014

O Cineclube de Tavira exibe A Most Wanted Man, Um Homem Muito Procurado, de Anton Corbijn.







Confira em http://cineclube-tavira.com/site/index.php?option=com_events&task=view_detail&agid=882&year=2014&month=12&day=11&Itemid=1

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Cinema e Arquitectura

Comecemos pelo princípio.
Entre Outubro de 2007 e Março de 2008 decorreu em Lisboa o ciclo de cinema O Lugar dos Ricos e dos Pobres no Cinema e na Arquitectura em Portugal, organizado pelo arquitecto José Neves, cujas sessões decorreram na Cinemateca Portuguesa.
O que agora é porventura notícia - já tem umas semanas - é o lançamento em livro, dos debates que acompanharam as sessões, sempre com cineastas e arquitectos, moderação de outros intervenientes ligados ao cinema e a atenção dos espectadores.
Estas conversas transmitem conhecimento sobre a História do Cinema português e sobre a História da Arquitectura portuguesa, ambas artes do espaço e do movimento. Próprio para quem tem interesse, paixão ou curiosidade sobre as artes em Portugal, esta edição tem organização do próprio José Neves, deambulando "pelas casas e pela cidade, entre a arquitectura e o cinema português".
Oportunidade para ler e "escutar" personalidades como Alexandre Alves Costa, Nuno Teotónio Pereira e António Belém Lima, ou ainda João Bénard da Costa, João Mário Grilo e Jorge Silva Melo, num exemplar trabalho de transcrição levado a efeito pela Dafne Editora.
LG

Filmes evocados:

Verdes Anos, Paulo Rocha, 1963
Belarmino, Fernando Lopes, 1964
Brandos Costumes, Alberto Seixas Santos, 1974
Trás-os-Montes, António Reis e Margarida Cordeiro, 1976
Uma Rapariga no Verão, Vítor Gonçalves, 1986
Agosto, Jorge Silva Melo, 1988
Recordações da Casa Amarela - Uma Comédia Lusitana, João César Monteiro, 1989
Longe da Vista, João Mário Grilo, 1998
Peixe Lua, José Álvaro Morais, 2000
Juventude em Marcha, Pedro Costa, 2006

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Mike Nichols (1931 - 2014)

Mikhail Igor Peschowski foi um dos muitos cineastas alemães que se naturalizaram americanos, fugidos das políticas anti-semitas do III Reich. "Profeta no seu país e desprezado pela crítica europeia", haveria de ser uma das doze personalidades a fazer o pleno dos prémios das indústrias do espectáculo. Além do Oscar, Nichols colheu o Tony do teatro, o Grammy da música e o Emmy da televisão. 
Considerado um realizador de charneira, é um dos responsáveis pela transição entre o star system e os novos ventos dos anos 60' e 70'. O melhor exemplo é a adaptação de Who's Afraid of Virginia Woolf?, onde Richard Burton e Elizabeth Taylor são a grande expressão de um "espectáculo terminal de um tempo". Em The Graduate, a escolha de Dustin Hoffman (30 anos) para o protagonista (21 anos) em detrimento de Robert Redford, afirma um novo tipo de actor. Disse Hoffman: "Que eu conheça, não há, no século XX, um gesto de casting mais corajoso do que aquele de me pôr naquele papel".
O realizador das rupturas conjugais, dos rituais de acasalamento, o "realizador sem estilo", ou como se escreveu no âmbito de um retrospectiva do Museum of Modern Art de Nova Iorque, o "mestre da invisibilidade", faleceu a 19 de Novembro deste ano.
LG

Filmografia como realizador de cinema:

Who's Afraid of Virginia Woolf?, Quem tem Medo de Virginia Woolf?, 1966
The Graduate, A Primeira Noite, 1967
Teach Me!, 1968 (curta-metragem)
Catch-22, Artigo 22, 1970
Carnal Knowledge, Iniciação Carnal, 1971
The Day of the Dolphin, Operação Golfinho, 1973
The Fortune, Uma Fortuna Por Água Abaixo, 1975
Gilda Live, 1980 (documentário)
Silkwood, Reacção em Cadeia, 1983
Heartburn, A Difícil Arte de Amar, 1986
Biloxi Blues, Os Rapazes de Biloxi, 1988
Working Girl, Uma Mulher de Sucesso, 1988
Postcards From the Edge, Recordações de Hollywood, 1990
Regarding Henry, O Regresso de Henry, 1991
Wolf, Lobo, 1994
The Birdcage, Casa de Doidas, 1996
Primary Colors, Escândalos do Candidato, 1998
What Planet Are You From?, De Que Planeta és Tu?, 2000
Closer, Perto Demais, 2004
Charlie Wilson's War, Jogos de Poder, 2007

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

5ª Feira, 4 Dezembro 2014

O Cineclube de Tavira exibe Les Grandes Ondes (à l'Ouest), As Ondas de Abril, de Lionel Baier.








Confira em http://cineclube-tavira.com/site/index.php?option=com_events&task=view_detail&agid=881&year=2014&month=12&day=04&Itemid=1

terça-feira, 18 de novembro de 2014

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

No Império, uma Soirée

Caros leitores, esta entrada recorda e homenageia velhos conhecidos, velhos amigos não do cinema, mas de outros filmes, numa semana em que não fomos a Tavira. A vossa compreensão, pois.

Ao invés da habitual viagem rumo ao sul, a noite começou na Alameda D. Afonso Henriques, onde fica um ex-cinema entregue a uma organização sem mística cinéfila. O saudoso Império, emblemática sala da capital, já não tem cinema mas voltou a ter o espaço de convívio que caracterizou o lugar em décadas que já lá vão. Reaberto em 2006, o Café Império oferece refeições e convívio, lugar de estudo e espaço infantil, bem como actuações musicais e projecção de filmes até às 2 da manhã.
Mas não fomos ver nenhum filme, até porque o ecrã gigante oferecia futebol jogado no Estádio do Algarve, onde este fim-de-semana não fomos. O filme foi outro. Acompanhado de um Bife à Império, o filme foi um que não viamos há mais de 20 anos. Nessa altura, o cinema era acessível e volta e meia lá íamos, a salas de que só existe a memória, fosse o Quarteto, o Londres ou os Alfas triplex (que às tantas triplicou), só para citar os mais próximos, além do Império, claro. Também havia videoclubes que proliferavam pelos bairros, carregados de cassetes VHS, pois o DVD ainda era uma miragem e o Blu-Ray nem se imaginava sequer. 
Só que o mundo não era menos azul. Nessa altura, há mais de 20 anos, o filme fazia-se diariamente a partir das 8 da manhã, no Arco do Cego, no Filipa de Lencastre. Era um filme cheio de filmes. Eram filmes de criadores em fermentação e de Arte, eram filmes de risos e conversas, de passeios, de diversão, de amores e desamores. Eram filmes de jovens. 
No Império, onde já não há filmes, juntaram-se alguns actores dos filmes de há mais de 20 anos. Dos que não estiveram presentes, talvez não haja um actor que não tenha sido recordado. Eram actores de engenho. Se calhar poucos se lembram que este elenco elaborou propostas para um logotipo das comemorações dos 50 anos da Escola. E outro ainda, para o recém-criado Centro de Estudos Informáticos (imagine-se tal coisa). Eram trabalhos orientados, não por um realizador, mas por uma cineasta carinhosa e carinhosamente chamada de Tété, de quem todos gostavam, pois naquela sala passavam os melhores filmes.
Filmes como já não há, que isto de remakes é bastante complicado. E se nesta divagação for detectada uma pontinha de nostalgia, olhem para o fundo da memória de que Dali deixou a persistência surrealista. Realisticamente irão encontrar um relógio que não pára como fazia o de Dali, mas não custa nada rever um ou outro filme, e momentaneamente suspender o tic-tac.
E para aqueles que costumam passar pelo blog e não são destes filmes, tenham paciência desta vez. É que Shakespeare, que sabiamente escreveu que a vida é um palco, não conhecia filmes, que são sempre re-projectáveis.
Projecte-se pois, lá mais para a frente, mais um filme como o de 6ª feira passada, com mais actores e mais histórias para contar. Não precisa de ser no mês que vem, mas 20 anos é muito tempo.
LG


terça-feira, 19 de agosto de 2014

100 Anos de Charlot

Ao saborear as páginas de My Autobiography de Charles Chaplin, ocorreu-nos que se assinala este ano o primeiro século da sua chegada ao cinema.
Alvo de anterior entrada do blog, de 7/9/2009, não nos vamos repetir com o estafado arrolamento da sua filmografia, mas não podemos deixar de assinalar a efeméride que parece ter passado demasiado discreta.
Há 100 anos atrás (19 de Agosto de 1914), Chaplin trabalhava em The Masquerader, uma das curtas-metragens que realizou e protagonizou para a Keystone Company, antes de se fazer argumentista, produtor e mais tarde compositor dos seus filmes. Para trás ficara a primeira aparição da personagem que o mundo mais tarde conheceria como Charlot, em Kid Auto Races at Venice, estreado a 7 de Fevrereiro do mesmo ano.
Mas o que é verdadeiramente de assinalar, é que um século depois, Charlot continua a fazer rir e a comover multidões, graças aos gags, mas também graças ao egoísmo, sentido crítico, generosidade e humanidade com que Chaplin foi trabalhando a personagem.
Eis o que diz Chaplin da sua criação:

"Eu não tinha a menor ideia da maquilhagem que havia de fazer. O meu traje de repórter [de Making a Living, anterior filme] não me agradava, mas, no caminho para o guarda-roupa, pensei em pôr umas calças muito largas, umas botas muito grandes, bengala e chapéu de coco. Queria que tudo estivesse em contradição: as calças largas e o casaco apertado, o chapéu muito pequeno e as botas enormes. Não sabia se havia de parecer velho ou novo, mas lembrando-me de que Sennett [realizador e produtor] supusera que eu era mais velho, pus um bigodinho que, discorria eu, me daria mais alguns anos, sem esconder a expressão.
Não fazia ideia do tipo de personagem que ia representar. Mas, a partir do momento em que me vi vestido, o fato e a maquilhagem fizeram-me sentir o que ele era. Comecei a descobri-lo e, ao chegar ao estúdio ele estava criado inteiramente. Quando me apresentei diante de Sennett, sentia-me na pele da personagem, e avançava empertigado, fazendo molinetes com a bengala. E os gags e as ideias cómicas acudiam-me em tropel."
in Chaplin, Charles, Autobiografia, trad. António Lopes Ribeiro, Editora Ulisseia, Lisboa, 1965.
LG


segunda-feira, 18 de agosto de 2014

In Memorian

Lauren Bacall (1924 - 2014)

"You know how to whistle, don't you, Steve? You just put your lips together and... blow."
in To Have and Have Not, Howard Hawks, 1944

In Memorian

Robin Williams 
(1951 - 2014)

"You're only given one little spark of madness. You mustn't lose it."

quarta-feira, 30 de julho de 2014

9ª Mostra de Cinema Não Europeu de Tavira

De 1 a 11 de Agosto, cinema de grande qualidade de fora do continente europeu.
Confira a programação aqui.

quinta-feira, 10 de julho de 2014

14ª Mostra de Cinema Europeu de Tavira

A 14ª Mostra de Cinema Europeu de Tavira está no pátio do Convento do Carmo, de 11 a 21 de Julho.
Consulte o programa  aqui.

quinta-feira, 3 de julho de 2014

quarta-feira, 2 de julho de 2014

In Memorian: Eli Wallach (1915 - 2014)




Já tem alguns dias a notícia do desaparecimento de um dos mais belos vilões do cinema.
Quando em 1961 Eli Wallach dançou com Marylin Monroe em The Misfits de John Huston, estavam todos longe de imaginar que a rainha das sex symbols desapareceria do mundo pouco depois. Nessa altura, Wallach era um homem de palco, como sempre fora e como sempre continuaria a ser. Foi ele quem disse, um dia, que se dispunha a filmar durante dez semanas para arranjar almofadas financeiras, o que lhe permitia, depois, montar espectáculos.
Na altura de The Misfits, dizíamos, Wallach era um actor de palco que tinha trabalhado também em televisão, tanto em telefilmes como em séries, durante dez anos, bem como em três obras de cinema, onde tinha tido pequenos papéis: Baby Doll, Elia Kazan 1956; The Lineup, Don Siegel, 1958 e Seven Thieves, Henry Hathaway, 1960. Neste mesmo ano John Sturges deu-lhe o papel de Calvera em The Magnificent Seven, o chefe do bando que aterroriza e oprime os habitantes de uma aldeia, que depois são ajudados pelos sete magníficos, que no Japão se tinham chamado samurais, filmados por Akira Kurosawa em 1954 na obra-prima com o título Sichinin no Samurai.
São as décadas de 60 e 70 aquelas em que Wallach mais trabalhou para cinema, dispersando depois nos anos 80 e 90 até ao último estreado, em  2010, no filme de Roman Polanski The Ghost Writer, num pequeníssimo e belo papel creditado como Old Man. Mas nos anos 60, de onde vêm os referidos e célebres The Magnificent Seven e The Misfits, encontramos também um soberbo Tuco, o vilão de The Good, The Bad and the Ugly ou, se preferirmos, Il Buono, il Bruto e il Cattivo, que Sérgio Leone filmou em 1966. O western-spaghetti, esse género híbrido, tão mediterrânico e kitsch, tinha sido elevado a um novo patamar de estilo. A sua linguagem cinemtográfica própria encontrava uma evolução, levada a efeito por Leone nos filmes antecedentes da trilogia, isto é, em a Fistfull of Dollars / Per un Pugno di Dollari de 1964 e For a Few Dollars More / Per Qualche Dollaro in Piu de 1965.
Nas terras áridas do Deserto de Almeria, local de rodagem dos três filmes, Wallach, o Vilão Tuco, surge ao lado do Mau Lee van Cleef e do Bom Clint Eastwood, num filme onde as relações entre os homens solitários são escalpelizadas e postas a nu e cru como só Leone foi capaz de fazer. A Guerra Civil americana é uma realidade, os mercenários ganham bom dinheiro por trabalho sujo, os bandidos são enforcados, os caçadores de prémios recebem quantias avultadas, procuram-se produtos de roubo escondidos. Tuco, o vilão Wallach, pelo Deserto de Almeria que é nos Estados Unidos, faz de conta, empresta frescura ao meio envolvente. Não só porque é ele que se refresca com água, que toma banho, que impõe a tortura do calor enquanto se mantém à sombra. Tuco é, num ambiente de aridez e dureza de relações, o elemento que dialoga, o elemento que grita e refila sonoramente, o elemento que confia e que põe, literalmente, a corda ao pescoço. É ele que dá ao filme o material plástico e fisionómico de que precisa, é ele que tem energia para dar e vender, é ele que pula, que salta, é ele que dá o corpo ao manifesto. É ele que corre sistemática e literalmente, pelo filme e pelo cemitério que esconde o dinheiro, numa magistral sequência de puro cinema que Ennio Morriconne ilustra com rara e inesquecível força musical.O Ugly é o elemento que, por inversão, é o herói absoluto de que não é possível não gostar, ao contrário do Good, um Clint Eastwood que sendo o bom, é um suporte para o brilhantismo, a excentricidade e a beleza da representação de Eli Wallach.
Por um acaso que tende a ser feliz, por contraditório ao desaparecimento de Wallach, o Cineclube vai fechar o programa da Mostra de Cinema Europeu deste ano, quase quase a começar, com o filme The Good, The Bad and the Ugly. Tal como a dança com Marylin, que não fazia prever a morte desta, também a programação das Mostras de Cinema de Tavira não previam que estaríamos, daqui a pouco, a render homenagem a Eli Wallach. Vamos assim poder celebrar um género cinematográfico desaparecido e tão pouco estimado, e homenagear devidamente um actor pouco conhecido mas muito merecedor desse nome.
Um filme absolutamente a não perder.
LG

quinta-feira, 24 de abril de 2014

quinta-feira, 17 de abril de 2014

quinta-feira, 20 de março de 2014

quinta-feira, 13 de março de 2014

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Holocausto by Hitchcock?

Foi na Primavera de 1945 que as tropas aliadas, durante a Libertação da Alemanha, filmaram imagens cujo conteúdo todos consideramos hediondo. 
O campo de concentração de Bergen-Belsen foi libertado pelos britânicos, o de Dachau pelos americanos e  o de Auschwitz pelos soviéticos. Assim, os países destes 3 exércitos enviaram, entre as tropas, operadores de câmara que captaram com horror a realidade dos campos de concentração. Sabiam que existiam campos, não sabiam que o seu número ultrapassava os 300. Desconheciam o que lá se passava e não estavam, de todo, preparados para o que encontraram. 
A denúncia dos campos é o objectivo da Supreme Headquarters Allied Expeditionary Force, através de um filme que resultaria das imagens captadas. Nunca foi feito, mas da parte inglesa, cujos operadores tinham documentado com detalhe - ou não fosse o país com uma excepcional escola documentarista e onde despontaria o free cinema - pensa-se um trabalho cinematográfico sobre o assunto.
Surgiria então a figura do produtor Sidney L. Bernstein, do Ministério de Informação e mais tarde figura de destaque da televisão inglesa. Trabalharia com Alfred Hitchcock durante um mês, mas este está sintonizado em Hollywood, na segunda fase da sua carreira, com mais de meia-dúzia de filmes ali produzidos e envolvido na realização de Spellbound, A Casa Encantada. 
As primeiras cinco bobines, quase sem som síncrono, (cerca de 60 minutos que podem ser visualizadas aqui) foram apresentadas no Festival de Berlim de 1984, e emitidas um ano depois na televisão americana com o título Memory of the Camps, o que é considerado um trabalho inacabado de Alfred Hitchcock.
O facto é passível de larga discussão, entre o ser um filme que Hitchcock deixou por acabar, e o ser um trabalho de montagem em que Hitchcock foi o primeiro de mais colaboradores. Pode presumir-se que o mestre do suspense terá deixado aqui e ali, numa ou noutra sequência, a marca da sua arte de montagem, mas mais do que isso parece difícil. Ainda mais quando se verifica que testemunhos afirmam o quanto o realizador ficou horrorizado, o que terá sido um dos dados para abandonar o projecto. Além disso, não há biografia que clarifique toda esta situação. Clareza só num ponto: o fascinante que será investigar de modo a trazer à luz do dia a realidade sobre o envolvimento de Hitchcock em semelhante projecto.
Restaurada agora a sexta bobine e acabado o trabalho pelo Imperial War Museum de Londres, onde estava guardado o material, após quatro anos de trabalho, o Festival de Berlim recebeu este ano aquela que se aproxima da forma pretendida em 1945, altura em que o objectivo era alertar as gerações futuras, bem como confrontar o povo alemão com a sua culpa na ascensão do nazismo. 
"German Concentration Camps Factual Survey não é apenas um documento histórico. É o mais inimaginável filme de horror da História do Cinema", diz Francisco Ferreira no Expresso. Um marco inexorável do documetário. Como programar semelhante obra e em que contexto? "A hipotética exploração comercial de tal filme parece-me uma ideia atroz" diz Claude Lauzmann, autor de Shoah. O Imperial War museum prevê que o filme circule pelo mundo em sessões especiais, acompanhadas de uma apresentação e de um debate. 
LG

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

In Memorian

Paco De Lucia (1947 - 2014)

Ouvir e ver: Entre Dos Aguas

5ª Feira, 27 Fevereiro 2014

O Cineclube exibe Like Someone in Love, de Abbas Kiarostami.















Confira em http://cineclube-tavira.com/site/index.php?option=com_events&task=view_detail&agid=819&year=2014&month=02&day=27&Itemid=1

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Cineclube, 15 Anos: Eric Andersen Trio em Concerto

No próximo dia 8 de Abril, o Cineclube de Tavira completa 15 anos de actividade ininterrupta, semana após semana, sessão após sessão, numa já bastante extensa lista de títulos seleccionados e exibidos.
Mas nem só de cinema vive o Cineclube. Não! Estatutariamente, estão previstas outras manifestações culturais. Claro que a exibição de cinema é a principal actividade do cineclube, mas de vez em quando surge a ideia - e oportunidade - de programar e produzir outros eventos.

Foi assim com a Exposição de Cartazes Soviéticos de Cinema em Março de 2001. 
Foi assim quando, em Novembro de 2002, a banda escocesa The Zephyrs tocou no Cine-Teatro António Pinheiro, iniciativa em que actuaram também os portugueses Morangus. Disse na altura o André Viane a este propósito: "esperamos que este concerto seja o início de um projecto (...) A 'descentralização' não pode ser apenas uma palavra utilizada gratuitamente em conversas e colóquios. Queremos que ela se torne realidade. Eis o primeiro passo".
Finalmente, os cinco anos do Cineclube foram comemorados com o concerto Boris Buggerov Band & Amigos, memorável iniciativa de tributo a Bob Dylan. A prata da casa? Sim, mas o Cine-Teatro esteve cheio, na plateia e também no palco, onde desfilaram vários dos músicos da região, amadores e profissionais, professores e curiosos. O André manifestou a "nossa teimosia" [do Cineclube] como a principal razão para "ainda" cá estarmos. E continuamos!
Os 15 anos de actividade vão completar-se, e para os comemorar, mais música. De peso. Está muito bem encaminhado o concerto que terá lugar no dia 11 de Abril no Cine-Teatro António Pinheiro. Actuará Eric Andersen, artista folk e figura de proa da beat poetry nova-iorquina, nos idos de sessenta. Da geração de Bob Dylan, Joni Mitchell, e Johnny Cash. Lançou 27 álbuns e partilhou o palco também com Janis Joplin, Patti Smith, Lou Reed ou Joan Baez. 
Será sem dúvida nenhuma extraordinariamente siginificativo, para a actividade cultural da região, que o primeiro concerto de Eric Andersen em Portugal tenha lugar em Tavira, e ainda mais na altura em que está em pós-produção um documentário sobre o artista, The Songpoet, cujo trailer pode encontrar em http://vimeo.com/68694512
Eric Andersen, 71 anos, ficará 3 dias no Concelho de Tavira, e surgirá uma vez - 11 de Abril - em público.
O local? O Cine-Teatro António Pinheiro. Para ser escutada, deixamos a canção Ghosts Upon the Road.
LG


quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

O Cineclube Renova-se

Saudações
Com a chegada de 2014 chegou uma nova composição dos corpos sociais do Cineclube de Tavira. Esta composição sugere - e confirma - uma equipa mais interventiva adentro das questões práticas e funcionais do cineclube. 
Neste clima de renovação, sobressai o interesse em melhorar a imagem da associação, o que, segundo as últimas leituras, já deu frutos. 
O que quer isto dizer? Que o apelo da Rita Restani, a vontade de todos e o trabalho da Patrícia Cardoso uniram-se em torno de uma melhoria do funcionamento do cineclube, originando uma nova newsletter (na imagem), baseada numa ideia do André Viane, a partir do neoplasticismo de Piet Mondrian. Este modelo de newsletter, que permite ligações ao site e ao blog do cineclube, ao trailer on-line, à ficha do filme no site imdb.com e à página facebook do cineclube, já revelou uma aceitação bem mais significativa, o que tem produzido um acréscimo de público nas nossas sessões de cinema. 
O logotipo manteve a sua imagem de marca, tendo sido refrescado, como há muito pedia. 
A renovação do site segue dentro de momentos.
O blog associa-se a este clima, aproveita a boleia e refresca a sua aparência, ao mesmo tempo que põe em evidência o novo logotipo.
LG

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

5ª Feira, 20 Fevereiro 2014

O Cineclube exibe Terra de Ninguém, de Salomé Lamas.


Em complemento, a curta-metragem Redemption, de Miguel Gomes.








Confira em http://cineclube-tavira.com/site/index.php?option=com_events&task=view_detail&agid=818&year=2014&month=02&day=20&Itemid=1
Mais informações no site da produtora O Som e a Fúria: http://www.osomeafuria.com/
LG

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Senhor Director vs. Monsieur Hulot

Vem esta entrada a propósito da nova composição da Direcção da Cinemateca (José Manuel Costa e Rui Machado). Chegou-nos há dias um texto de Manuel S. Fonseca, antigo responsável pela programação da instituição e colaborador da revista Atual, do jornal Expresso, onde assina a rubrica O Cinema Dá o Que a Vida Rouba.
Partilhamos o texto, pequena anedota cinéfila (anekdotos = pequena história sem motivo de referência histórica).
LG

Monsieur Hulot no Pap'Açorda
Não há maior distracção do que a de Deus criar o Mundo. Deus é uma espécie de Peter Sellers, e o mundo, como bem sabemos, não é diferente do "The Party" de Blake Edwards. Mas João Bénard, mítico director da Cinemateca e quem primeiro levou a vetusta Gulbenkian a ver um filme, era tudo menos Peter Sellers. As hiperbólicas distracções dele estavam entre o Cary Grant de "Bringing Up Baby" e o Jacques Tati de "Les Vacances de Monsieur Hulot".
O Pap'Açorda já entrara no século XXI e conservava a mesma gloriosa mousse de chocolate do século XX. A uma mesa, sentavam-se o João Bénard e o marginalíssimo realizador alemão Werner Schroeter. Os dois de costas para a entrada, e via-se que esperavam alguém. A vigiar a porta, um colaborador a quem o João pediu para o avisar mal entrasse Isabelle Hupert. 
Era por ela, a filmar em Lisboa, que esperavam. Quando a ansiedade é muita, antecipa-se o que se deseja ver e o colaborador disse a João: "É ela". O João deu um salto à João, perdão, à Monsieur Hulot e correu, como Cary Grant, para a porta. Já não ouviu o colaborador aos gritos "Ah, não é, desculpe, não é ela."
"Isabelle", dizia o João à senhora a quem beijava as mãos, "mais quelle honneur...". Surpreendida, tão honrada como embaraçada, a senhora num límpido português pré-acordo ortográfico, só respondia: "Ó João, mas o que é que lhe deu?" Inabalável, sem saber que estava a protagonizar uma das suas mais lendárias gaffes, o João Bénard continuou a elogiar a imaginária Huppert: "Et en plus vous parlez portugais." Era, aliás, a única coisa que a senhora falava: "Que disparate, João, porque é que não havia de falar português!"
O João Bénard percebeu, então, que a senhora era uma velha amiga, apesar de, por tanto ter a Huppert na cabeça, nem do nome dela se conseguir lembrar. Embrulhou-se em desculpas e voltou para a mesa com um homérico ataque de riso.
Era o João a estranhar, entre gargalhadas convulsas, não conseguir lembrar-se do nome da amiga, e era o Schroeter a avisá-lo: "Não diga à Isabelle Huppert que a confundiu com uma mulher que deve ter mais vinte anos do que ela. Acabamos em tragédia o que agora começou em comédia." E a Huppert nunca soube o quanto Monsieur Hullot se riu antes de ela chegar.
(Atual, 1 de Fevereiro de 2014)


5ª Feira, 13 Fevereiro 2014

O Cineclube exibe Before Midnight, Antes da Meia-Noite, de Richard Linklater.








Confira em http://cineclube-tavira.com/site/index.php?option=com_events&task=view_detail&agid=816&year=2014&month=02&day=13&Itemid=1

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

In Memorian: Philip Seymour Hoffman 1967-2014

A notícia chegou ontem de Nova Iorque. Um dos melhores, se não o melhor, da sua geração, no cinema e no teatro.
Habitual presença nos filmes de Paul Thomas Anderson, realizador com que chamou a atenção em Boogie Nights, Jogos de Prazer, 1997, encantou pela sua versatilidade em desempenhos de personagens excêntricas ou controversas.
A melhor prova está vincada no protagonista de Capote, de Bennett Miller, 2005, filme com que ganhou o Oscar de Actor Principal.
Para a História fica um quatro de século de desempenhos para a grande tela, onde o seu carisma está decididamente vincado.
LG


Filmografia para Cinema:
Triple Bogey on a Five Par Hole, Amos Poe, 1991
My New Gun, Stacy Cochran, 1992
Leap of Faith, Richard Pearce, 1992
Scent of a Woman, Martin Brest, 1992
Joey Breaker, Steven Starr, 1993
My Boyfriend's Back, Bob Balaban, 1993
Money for Nothing, Ramón Menéndez, 1993
The Getaway, Roger Donaldson, 1994
Szuler, Adek Drabinski, 1994
When a Man Loves a Woman, Luis Mandoki, 1994
Nobody's Fool, Robert Benton, 1994
The Fifteen Minute Hamlet, Todd Louiso, 1995 (curta-metragem)
Sydney, Paul Thomas Anderson, 1996
Twister, Jan de Bont, 1996
Boogie Nights, Paul Thomas Anderson, 1997
Culture, Josh Gordon, Will Speck, 1997 (curta-metragem)
Montana, Jennifer Leitzes, 1998
Next Stop Wonderland, Bras Anderson, 1998
The Big Lebowski, Joel Coen, Ethan Coen, 1998
Happiness, Todd Solonz, 1998
Patch Adams, Tom Shadyac, 1998
Flawless, Joel Schumacher, 1999
Magnolia, Paul Thomas Anderson, 1999
The Talented Mr. Ripley, Anthony Minghella, 1999
State and Main, David Mamet, 2000
Almost Famous, Cameron Crowe, 2000
Love Lisa, Todd Louiso, 2002
Punch-Drunk Love, Paul Thomas Anderson, 2002
Red Dragon, Brett Ratner, 2002
25th Hour, Spike Lee, 2002
Owning Mahowny, Richard Kwietniowski, 2003
Cold Mountain, Anthony Minghella, 2003
Along Came Polly, John Hamburg, 2004
Strangers With Candy, Paul Dinello, 2005
Capote, Bennett Miller, 2005
Mission: Impossible III, J. J. Abrams, 2006
The Savages, Tamara Jenkins, 2007
Before the Devil Knows You're Dead, Sydney Lumet, 2007
Charlie Wilson's War, Mike Nichols, 2007
Synecdoche, New York, Charlie Kaufman, 2008
Doubt, John Patrick Shanley, 2008
Mary and Max, Adam Elliot, 2009 (Voz, Animação)
The Boat That Rocked, Richard Curtis, 2009
The Invention of Lying, Ricky Gervais, Matthew Robinson, 2009
Jack Goes Boating, Philip Seymour Hoffman, 2010
The Ides of March, George Clooney, 2001
Moneyball, Bennett Miller, 2011
The Master, Paul Thomas Anderson, 2012
A Late Quartet, Yaron Zilberman, 2012
The Hunger Games: Catching Fire, Francis Lawrence, 2013
God's Pocket, John Slattery, 2014
A Most Wanted Man, Anton Corbijn, 2014
The Hunger Games: Mockingjay - Part 1, Francis Lawrence, 2014 (em pós-produção)
The Hunger Games: Mockingjay - Part 2, Francis Lawrence, 2015 (em rodagem)







quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014