terça-feira, 23 de dezembro de 2014

In Memorian: António Montez

A notícia da morte do actor António Montez (1941-2014) trouxe à memória o seu trabalho nas primeiras telenovelas portuguesas, produzidas na primeira metade dos anos 80. Basta verificar, de resto, o que se diz nos orgãos de comunicação.
Parece-me irritante que não se evoque o facto de este actor ter chegado à profissão  através do trabalho desenvolvido na companhia Teatro Experimental do Porto, com a qual colaborou entre 1964 e 1977. O Teatro Estúdio de Lisboa, a Adoque - Cooperativa de Trabalhadores de Teatro, a Seiva Trupe e o Novo Grupo/Teatro Aberto, fazem parte do seu currículo de actor, contando-se quase 50 espectáculos montados com a sua participação.
Parece-me igualmente irritante que António Montez não seja lembrado pela sua passagem pelo cinema, onde foi actor secundário em meia-dúzia de produções. Pouco, é verdade, quando se pensa que são filmes feitos num periodo de 20 anos. Mas não deixou de emprestar a esses filmes a sua competência em representação e em dicção, esta uma arma característica do actor.
Mais ainda: Nem uma palavra sobre a sua crucial passagem pela animação exibida em Portugal, ainda que se repita até à exaustão o seu trabalho em televisão. Consultando a internet, encontram-se referências a dobragens que fez em dois filmes de animação americanos na década passada. E o seu importantíssimo trabalho de dobragem em séries de animação nos anos 70 e 80??
A começar na série Heidi, que por acaso foi a primeira série dobrada em Portugal, podemos recordar, e de memória: Marco; Jacky, o Urso de Tallac; Banna e Flapi; D'Artacão e os Três Moscãoteiros; Tom Sawyer. E a lsita tem fortíssimas probabilidades de estar muito incompleta. Por esta razão, por ser senhor de uma característica e marcante voz, por trabalhos de elevada competência que marcaram uma geração de público infanto-juvenil e a história da animação em Portugal (e não portuguesa); António Montez é figura incontornável e importantíssima no panorama da animação exibida entre nós. 
É triste pois, que nem uma palavra se escreva em jornais ou se diga em televisões, a começar pela RTP, onde se exibiram todas essas séries.
Jornalismo de qualidade, investigação meritória...
Participou nos seguintes filmes de ficção, salvaguardando a hipótese de esta ser uma lista incompleta:
 - Pedro Só, Alfredo tropa, 1970
 - Os Toiros de Mary Foster, Henrique Campos, 1972
 - Alexandre e Rosa, João Botelho e Jorge Alves Silva, 1978
 - Dina e Django, Solveig Nordlund, 1981
 - Eternidade, Quirino Simões, 1991
 - Adeus Princesa, Jorge Paixão da Costa, 1992
 - Amália - O Filme, Carlos Coelho da Silva, 2008
LG

Sem comentários: