quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Kino, Lisboa, 2009

Em 2004, o Goethe Institut de Lisboa organizou a primeira das Mostras de Cinema de Expressão Alemã. Este ano, rebaptizado KINO, o Insituto renova a organização e a imagem da mostra, procurando alargar os seus horizontes. Com uma programação feita a pensar em cinéfilos seguidores das tendências do cinema alemão da actualidade, mas também a pensar no público em geral, acontece de 21 a 29 de Janeiro, no Cinema São Jorge em Lisboa.
De Im Winter ein Jahr (Um Ano no Inverno) de Caroline Link à panorâmica de cinema documental anunciada, oportunidade para conhecer um pouco do que se faz na Alemanha, antes do Festival Internacional de Berlim que se avizinha.
Quanto a nós, pobres cinéfilos longínquos, resta-nos esperar que seja possível exibir qualquer coisinha no nosso estimado António Pinheiro. O sociólogo Alexandre Melo escreveu um parágrafo em que consigo identificar o André: O lugar da política cultural no quadro do processo de globalização cultural, sobretudo numa situação não central, é um lugar de acção e um lugar de intervenção voluntarista, contemporânea e cosmopolita.(1) Mas em termos práticos, a disponibilidade de materiais (leia-se cópias, neste caso) para as coisas acontecerem, é por vezes muito difícil...
Que achas André? Será possível?
(1) Melo, Alexandre, Globalização Cultural, Quimera, Lisboa, 2002
LG

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

A Mulher no Cinema: Uma Homenagem

Se não fossem elas, todo o cinema era em vão...

LG

A Sombra do Caçador

Na saudosa sala recuperada pela Medeia Filmes há já mais de dez anos, o Ávila, tive oportunidade de ver alguns clássicos e obras-primas do cinema internacional, já que era a aposta de Paulo Branco para esse espaço. Foi muito bom enquanto durou. Afinal, não é todos os dias que se pode vêr, em Lisboa, obras de Sternberg, Lubitsch, Pasolini, Kubrick, Leone, para citar aqueles que me lembro de terem por lá passado.
Mas a esses nomes, é obrigatório acrescentar uma obra que muito recentemente revi. Um filme insólito, quase misterioso. Produzido em 1955, trata-se da única realização do gigante Charles Laughton, consagrado e multi-premiado actor inglês; actor em filmes como The Private Life of Henry VIII (1933), Mutiny on the Bounty (1935) e Spartacus (1960).
Laughton, querendo iniciar-se nas lides da realização, opta por um best-seller de Davis Grubb: The Night of the Hunter. Nunca esteve em causa a dedicação com que Laughton se entregou ao filme, mas o resultado foi uma catástrofe ao nível da crítica e de bilheteira. Felizmente - e não poderia ser de outra forma - esta obra-prima foi colocada pela História no lugar que lhe pertence por direito e mérito, como um dos grandes títulos dos anos '50.
A um anjo protector de crianças interpretado pela super-vedeta que veio do embrião do star-system americano, ainda os filmes não falavam - Lillian Gish, opõe-se em confronto um criminoso que procura o produto escondido de um roubo. Disfarçado de Pastor da Igreja e com as palavras LOVE e HATE tatuadas nos nós dos dedos, produz sermões sobre conflito entre o Bem e o Mal através de mímica que vai encantando todos quantos procura conquistar. Quase todos. Duas crianças são vítimas de uma perseguição-caça pelo falso pastor Robert Mitchum, representação diabólica do Ser Humano que, vivo o mal, nunca dorme - Does he never sleep? - pergunta o rapaz.
De fino recorte fotográfico de Stanley Cortez, de contínuo claro-escuro vincado, situa-se na fronteira entre o pesadelo e a fábula, entre o thriller e o film noir. Quanto a Robert Mitchum, é surpreendente e um dos grandes maus-da-fita do cinema americano - opinião minha.
A não perder na primeira oportunidade. Claro que está aqui uma sugestão e uma piscadela de olho ao André, só que ele provavelmente até já tentou programar o filme. Mas como tem que passar pela Atalanta Filmes...
Senhores editores, para quando o lançamento em Portugal em formato doméstico?!
Bom fim-de-semana e Bons Filmes!
LG

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

António Pinheiro

Todos conhecemos o nosso estimado Cine-Teatro António Pinheiro. Consta que vai desaparecer nos próximos tempos para dar lugar a um outro cine-teatro mais habilitado para fazer face às exigências culturais de uma cidade e região que se quer em permanente evolução cultural. Faço votos para que tal aconteça, e que a autarquia e o arquitecto Júlio Quaresma - um velho conhecido - saibam dar corpo e alguma alma a um projecto que me parece de suma importância para a cidade. E, já agora, que se saiba ouvir de quem sabe, as necessidades técnicas prementes e inerentes ao seu funcionamento.

Também faço votos que, à imagem do que aconteceu com a passagem entre o desaparecido Teatro Popular (e rebaptizado Cine-Teatro António Pinheiro) e o actual que todos conhecemos; se saiba preservar o nome de uma individualidade que todos conhecem da degradada fachada da sala de espectáculos de Tavira, mas que poucos sabem o que ele significa.

No último dia 21 de Dezembro, passaram os 141 anos do seu nascimento e, à semelhança do que aconteceu nos anteriores 140, nada se fez para assinalar a efeméride, ligada a, sem dúvida nenhuma, um dos maiores vultos das artes (se não o maior), de naturalidade tavirense. O blog presta aqui a sua singela homenagem que, pelo que atrás se diz, vem porventura a propósito.

António José Pinheiro (21/12/1867-2/3/1943), foi uma sumidade como poucas no panorama do Teatro Português. Foi actor, encenador, director de companhia e professor de "arte de representar". Fundou grémios e instituições de apoio ao artista. Pensou e escreveu sobre representação e sobre a problemática do Teatro do seu tempo. Deixou três livros de memórias.

O teatro era a sua actividade do coração, mas não é de desprezar a sua passagem pela 7ª Arte, onde chegou a fazer direcção de actores e depois realização.

Eis a sua filmografia:

1913 - Milagres de Nossa Senhora da Penha (no Brasil), de Alberto Botelho
1920 - Fidalgos da Casa Mourisca, de Georges Pallu
1921 - Amor de Perdição, de Georges Pallu
1922 - O Destino, de Georges Pallu
1922 - Mulheres da Beira ou Funesta Ambição, de Rino Lupo
1923 - O Primo Basílio, de Georges Pallu
1923 - Cláudia, de Georges Pallu
1924 - A Tormenta, de Georges Pallu
1924 - Tinoco em Bolandas, também realizador
1924 - Tragédia de Amor, também realizador
1925 - Lucros... Ilícitos, de Georges Pallu
1931 - A Portuguesa de Nápoles, de Henrique Costa
LG

Hey, teacher...

Votos de Bom Ano a todos!
2009 abre com belos filmes exibidos pelo nosso Cineclube. A produção franco-japonesa Exils apanhou o blog de surpresa e já lá vai, isto é, o blog confessa aqui a sua falta de atenção à programação do mês de Janeiro. Pelo menos a tempo e horas...
De volta às quintas-feiras, finda a quadra, o dia 8 traz-nos Entre les Murs, soberba produção francesa sobre o problema da multi-racialidade / etnicidade das escolas e problemas daí advindos. Entre os muros da escola se passa o "testemunho" de um ano lectivo da turma retratada. Baseado na obra homónima que parte da experiência de um professor, vem a ser ele próprio a representar-se a si mesmo no filme. Este, é tão a propósito que eu não resisto a recomendá-lo a todos os professores do Ensino Secundário em Portugal.
Como escreveu o André no site do Cineclube, Realismo é palavra que ilustra muito bem o que se passa entre os muros e paredes de um sala de aula. De tom documental, fica muito bem o trabalho de hand-held camera, mas eu prefiro distinguir a prestação de meia-dúzia de jovens actores nos papéis de outros tantos alunos. A Palma de ouro era pura e simplesmente "obrigatória"... A não perder, dia 8 de Janeiro, no Vosso Cineclube!!
LG