quinta-feira, 21 de julho de 2011

Do Caos ao Sucesso

Se é verdade que os maiores êxitos têm como ponto de partida as situações mais desfavoráveis, a 12ª Mostra de Cinema Europeu de Tavira é uma prova cabal desse facto.

Esta Mostra - que nasceu sob a dúvida de não se realizar por falta de apoios (vejam o video em baixo) - arrancou com a excelente atmosfera que caracterizam os eventos de Verão do Cineclube.
6ª feira, dia 15. O filme - Le Concert - vencia a provação de filme de abertura, e o intervalo tivera já lugar, quando a maior das provações para um certame deste tipo ocorreu. Foi com a exibição suspensa que se consumou a avaria do projector que nos acompanha, o qual não mais permitiu qualquer som ou imagem.

E neste ponto, é mais do que justo referir a iniciatiiva do sócio Henrique Veludo que, com a sua serenidade permitiu que - pelo menos - alguma esperança houvesse perante a avaria. O Henrique e o André são responsáveis pelo sucesso desta Mostra. A serenidade do Henrique e a agitação do André, contraponto um do outro, testaram e voltaram a testar. Mas não foi possível Mostrar.

Sábado, dia 16. Os dois partiram rumo a Vila Nova de Milfontes, na costa alentejana, região de veraneio. Levava-os até lá não as praias ou o sol, mas a prestabilidade e o amor à profissão de António Feliciano, famoso projeccionista ambulante do nosso país. O seu projector - igual ao do Cineclube - salvaria a honra do convento, convento que, como se sabe, é local de exibição das nossas Mostras.

Trocadilhos à parte, as trocas resumiram-se aos cabos que, no meio da pressa, ficaram em Milfontes. E o projector do amigo Feliciano não se compatibilizou com os cabos do projector do Cineclube. A conclusão foi a suspensão da exibição de The Ghost Writer...

"Amanhã haverá sessão, nem que eu tenha de ir à lua!", exclamava o André a um casal dinamarquês que, apesar da sua desilusão, confortava o André, enquanto o Henrique rumava a Lisboa com o projector do Cineclube para reparação.

Nestas duas noites, contaram-se cerca de dez entradas devolvidas, enquanto se anunciava a exibição dos dois filmes para além do dia final da Mostra, isto é, para 3ª e 4ª feira dias 26 e 27 de Julho. E este é o primeiro grande sucesso nascido do caos em que se transformou o arranque da Mostra.

Domingo, dia 17. O André partiu, não para a lua, mas para Vila Nova de Milfontes - outra vez! - na demanda dos cabos do projector que esquecidos repousavam no Cinema Girassol do António Feliciano. À hora da exibição do filme L'Illusioniste - mas só à hora - o projector estava operacional. Um êxito nascera que daí para cá ronda os 120-140 espectadores por noite. E nisto, meus amigos, consiste o segundo grande sucesso da Mostra.

Quantos eventos têm este tipo de afluência depois de dois espectáculos cancelados? É a pergunta que se pode deixar no ar. As noites em Tavira andam ventosas mas o público não arreda pé. Há toda um equipa que zela pela logística e bom ambiente da Mostra. Mas os louvores vão - têm que ir - para o André Viane, o Henrique Veludo e o António Feliciano.

Hoje, o sucesso continua com a exibição de Nothing Personal.

Fica a imagem - ainda que má - e o som da abertura.

Bom cinema!

LG


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