quarta-feira, 14 de abril de 2010

Música, Western e Spaghetti: Ennio Morricone

A distinta sonoridade identifica-o, aliando melódicas notas a um bem conseguido gosto a kitsch que não é vergonha nenhuma. E de entre estas, têm particular expressão os westerns que na nossa vizinha Andaluzia se fizeram em tempos, no chamado Deserto de Almeria. Por ali andaram Clint Eastwood e Lee van Cleef, Eli Wallach e Gian Maria Volonté que, dirigidos por Sergio Leone, reinventaram o género conhecido por Western Spaghetti.
De orçamento muito mais baixo do que os grandiosos westerns de John Ford e companhia, as obras de Sergio Leone têm um lado melancólico, cru, pardacento, de heróis sujos e com barbas de dias, muito mais próximos de uma realidade de quem andou a desbravar as longínquas paragens norte-americanas.
Leone negou aos seus filmes e aos seus heróis o lado colorido e bem escanhoado de John Wayne. Claro que, tal efeito, teria de vir de uma país - Itália - que viu nascer o Neorealismo que conviveu com a guerra, com poucos recursos financeiros e de equipamento, e dos dramas humanos que o fenómeno acarretava.
E no entanto - e por isso mesmo - há um tom de grande poder nos planos de Leone, de energia crua nas suas tramas, magistralmente acompanhados pelas notas musicais de Ennio Morricone. Nascido em Roma em 1928, tem no currículo um impressionante número de bandas sonoras que passa a barreira das 500. Para além das famosíssimas obras para Leone nos filmes A Fistfull of Dollars / Per un Pugno di Dollari, For a Few Dollars More / Per Qualche Dollari in Piu e The Good the Bad and the Ugly / Il Buono, Il Malo e il Cativo; Morricone tem criações como The Mission de Roland Joffé, The Untouchables de Brian de Palma ou Bugsy de Barry Levinson, além de uma grande produção musical nos Estados Unidos bem como em Itália.
Em 2007 recebeu o Óscar Honorário de carreira, e Quentin Tarantino quis fazer dele o compositor para o filme Inglorious Basterds, que recusou por razões de agenda. De resto, os filmes de Tarantino são ricos em peças de Ennio Morricone, sobretudo o díptico Kill Bill.
Para ouvir, The Man With the Harmonica do filme Once Upon a Time in the West / C'era una Volta Il West.
Este último filme, apogeu do Western Spaghetti, obrigatório para qualquer cinéfilo, já foi tentativa de programação do nosso cineclube. mas a Atalanta, distribuidora em Portugal, perdeu uma bobina... Acreditem se quiserem. Ou se puderem.
LG


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