sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Berlinale 2010: Ende und Metropolis

Chegou ao fim a edição 60 do Festival Internacional de Cinema de Berlim. De entre um palmarés com algumas surpresas., destaca-se Honey, do turco Semih Kaplanoglu, que sensibilizou o júri pela narrativa que mostra o sofrimento interior infantil, e ganhou o Urso de Ouro.
O prémio de Melhor Actor foi atribuído ex-aequo aos actores russos Grigori Dobrigin e Sergei Puskepalis. São os protagonistas de How I Ended This Summer de Alexei Popogrebski, isolados numa estação meteorológica do Árctico, filme de características semelhantes ao melhor cinema de Werner Herzog, presidente do júri, a quem o blog já dedicou uma entrada.
O Melhor Realizador foi Roman Polanski, com The Ghost Writer, prémio recebido pelos produtores. Polanski tem grande capital de simpatia por parte da comunidade artística, efeito da sua complexa situação judicial, razão pela qual esteve ausente. O cineasta polaco, comentando o prémio, referiu com humor: “A última vez que fui a um festival de cinema fui preso”, segundo uma citação no jornal Público de 21/2/2010.
A grande notícia do Festival vem, contudo, do passado. Faz mais de oitenta anos desde que Fritz Lang deu ao mundo uma obra-prima chamada Metropolis, realizada em 1927. Há vários anos, a Cinemateca Portuguesa apresentou a mais completa versão conhecida, colaborando intensamente no restauro depois de, nos seus cofres, ter sido encontrado material desaparecido. Em 2008, no entanto, foi descoberta em Buenos Aires a mais próxima versão do original, que no seu tempo, tinha 150 minutos, antes de ganhar a etiqueta de filme maldito e perigoso no parecer da pequenez do 3º Reich.
A partir desta cópia, em 16mm, o seu restauro foi dirigido por Martin Körber da Fundação Friedrich Murnau. Após visionamento privado, Metropolis viu novamente o deslumbramento do público ao ser projectado ao ar livre, muito justamente na Porta de Brandenburgo na capital alemã, perante 2000 pessoas que o frio não moveu no último dia 12 de Fevereiro, a 6ª feira em que a obra-prima (ou uma das) de Fritz Lang re-conquistou Berlim
LG

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