Ontem foi o dia da ante-estreia mundial, que ocorreu simultaneamente nos Estados Unidos e na Inglaterra. O filme, Alice in Wonderland, é o mais recente devaneio do americano Tim Burton, mestre da herança expressionista das sombras e do claro-escuro, das formas retorcidas e da caracterização como protagonista, agora aplicados à obra de Lewis Carroll.Com estreia marcada em Portugal para o próximo dia 4 de Março, o filme conta com a habitual população dos filmes deste realizador, Johnny Depp e Helena Bonham-Carter, à cabeça de um elenco que conta também com Crispin Glover, Anne Hathaway e Mia Wasikowska como protagonista.
Tim Burton é, por si mesmo, uma notícia. A sua excentricidade está posta ao serviço da 7ª Arte, filme após filme, numa obra que conta já com vários géneros cinematográficos, mas todos eles revestidos de fantasia, não bela mas sim de um violento obscurantismo por vezes perturbante. Não admira pois, que o jovem animador dos estúdios Disney se tenha emancipado como realizador de animação com o filme The Island of Doctor Agor em 1971.
No início dos anos 80 afirma-se com os títulos Luau, Hansel and Gretel, Frankenweenie e, sobretudo, Vincent. Este "pequeno" trabalho, homenagem aos sonhos de qualquer criança como de Tim Burton, povoados de fantasia, mistério, medo do desconhecido, é também uma homenagem ao actor-ícone do cinema fantástico Vincent Price, que magistralmente como só ele sabia, faz a narração desta animação de Tim Burton.
Quando o filme Tim Burton's The Nightmare Before Christmas andou pelas salas portuguesas, em 1993 e 1994, tivemos a oportunidade de conhecer Vincent, como complemento das sessões. Podemos agora, graças à tecnologia posta à nossa disposição, ver ou rever o princípio de um fenómeno chamado Tim Burton, enquanto não é tempo de irmos ao país das maravilhas.
LG


Nasceu em Roubaix, França, 1925. Das dificuldades vividas durante a II Guerra Mundial e do interesse por clarinete, Georges Delerue tornar-se-ia nome incontornável da música para cinema, compositor fundamental no estabelecimento da chamada Nouvelle Vague em finais dos anos 50, inícios dos anos 60. O conservatório da sua Terra-Natal e o Conservatório Nacional levaram-no a compor peças para ballets e outras artes performativas, além de várias curtas-metragens. Em 1959 assina a primeira partitura para a 7ª Arte, La Bel Age de Pierre Kast, antes de se tornar habitual colaborador de Alain Resnais, Philippe DeBrocca, Agnés Varda, ou ainda Oliver Stone, Norman Jewison e Mike Nichols, antes de desaparecer em 1992. É com Jean-Luc Godard que assina a música de Le Mépris em 1964, que contém a mais bela composição instrumental - Théme de Camille - que o cinema já conheceu. Provavelmente... 
