Ontem, 14 de Dezembro, a Cinemateca exibiu na Sala Félix Ribeiro o documentário Cordão Verde. Obra contemplativa, tem nas paisagens serranas de Monchique e do Caldeirão e (em alguns) costumes locais os seus modestos trunfos.
Digo modestos, com sinceridade, porque o filme (aliás, o video) não consegue explorar a riqueza dos mesmos costumes locais que se propõe a fazer. A câmara à mão teima em não se aproximar do objecto cinematográfico, num registo que contempla tanto a paisagem como as práticas agrícolas, corticeiras, da confecção de queijos ou de destilaria.
Digo modestos, com sinceridade, porque o filme (aliás, o video) não consegue explorar a riqueza dos mesmos costumes locais que se propõe a fazer. A câmara à mão teima em não se aproximar do objecto cinematográfico, num registo que contempla tanto a paisagem como as práticas agrícolas, corticeiras, da confecção de queijos ou de destilaria.
Com todo o respeito pelos autores, há uma permanente acanhamento em fintar o lado contemplativo que se exigiria de quando em vez, pontuando a paisagem com retratos camponeses que assim ficam gorados, roçando o exercício de falta de humildade que, sinceramente, não acredito existir em Rossana Torres e Hiroatsu Suzuki.
Essa aproximação era exigível, se os realizadores quisessem de facto fixar a marca humana na paisagem. É desse tipo de imagens que vem a riqueza de um autor como António Campos, por exemplo, que em exercício de modéstia se colocava ao nível dos homens e mulheres que retratava, e com eles corria, suava, molhava ou sujava. E o lado contemplativo, frustrava-se? Não, enriquecia com o homem que trabalhava a terra, ou no caso de Campos, sobretudo lutava no mar.
Falha parece-me ser também, a forma como o trabalho é apresentado pela Cinemateca. Longe de mim querer beliscar as competências da equipa de programação, mas é verdade que o trabalho de casa não foi muito bem feito.
Toca-nos este aspecto em particular, uma vez que na folha de sala constavam as anteriores exibições da obra:
Panorama, Lisboa, Março de 2009
62º Festival Internacional de Locarno, Agosto de 2009
Festival Internacional de Toronto, Setembro de 2009
Viennale, Novembro de 2009
Qualquer das exibições coloca a obra, assim me esclareceram, no quadro de uma ante-estreia, tal como foi anunciado pela Cinemateca. Mas não ficaria mal fazer referência a uma das primeiras exibições. Falo, como é natural, da 10ª Mostra de Cinema Europeu de Tavira, Julho de 2009, cuja programação levou a efeito, segundo a lista, a 2ª exibição da obra.
Fica o reparo.
LG
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