A verdade é só esta. Ao fim de 90 anos, os seus "gags" continuam a funcionar para miúdos e graúdos. A comédia foi a sua arma, baseada numa existência dura marcada pelo alcoolismo e morte do pai, loucura da mãe, a miséria na infância. Porém, essa comédia não é mais do que uma espécie de filtro para contar as suas histórias e falar das suas idéias, por vezes violentas ou politicamente incorrectas, os seus ódios e estimas, suaves ou controversos.
É o caso de The Immigrant, 1917, que foca a miséria que força à procura de uma vida melhor nos EUA, país que acolheu o próprio Chaplin e fez dele um milionário, mas que também foca a violência muitas vezes exercida pela autoridade. Daí o célebre e politizado pontapé no traseiro do oficial de imigração, objecto de polémica na altura. Dizia Chaplin que, "hoje e sempre, um pontapé na autoridade faz rir".
Este é um dos títulos disponíveis na edição recentemente lançada em Portugal com curtas-metragens de Charles Chaplin, pela Divisa: Chaplin - Todas as Suas Curtas-Metragens para a Essanay e a Mutual. Trata-se da sua produção na segunda e terceira empresa por onde passou, num período que vai de 1915 a 1917, e uma oportunidade de ouro para conhecer trabalho muito significativo, no âmbito de uma colecção que dá pelo nome de Orígenes del Cine.
Na verdade, é nestes anos que Chaplin apura a sua personagem de sempre - ou quase sempre - que não é mais do que um vagabundo, mas de maneiras requintadas, sem sorte na vida, que consegue ir do egoismo ao maior dos corações, e que acaba (quase) sempre sozinho, longe de um emprego, de uma casa ou de uma companheira.
Até então, na Keystone, Chaplin não só não tinha plenos poderes, como fez do vagabundo um canal para pouco mais do que o puro "gag", salvo algumas excepções.
Só depois, na First National, o vagabundo se revela um evidente canal de reflexão de Chaplin sobre a sociedade, com destaque para A Dog's Life, The Pilgrim e, sobretudo, The Kid.
Tal facto torna-se evidente nas produções para a United Artists, onde roda os celebérrimos The Gold Rush, que recentemente vimos na Mostra de Cinema Não Europeu, The Circus e, muito especialmente, City Lights, com o mais belo Grande Plano que alguma vez fechou um filme (ver foto), e Modern Times, um hino venenoso à modernidade, ao cinema, ao consumo, à classe trabalhadora, ao patronato, a tantas coisas mais da sociedade que recuperava da Grande Depressão.
Abandona o vagabundo no momento em que o faz falar, depois de uma resistência contra todos ao cinema sonoro, mas projectando-o para além de si durante mais dois filmes, pelo menos, e até hoje pelo seu legado. Eis a Filmografia:
PERIODO KEYSTONE (1914)
Making a Living
Kid Auto Races at Venice
Mabel's Strange Predicament
Between Showers
A Film Johnnie
Tango Tangles
His Favorite Pastime
Cruel, Cruel Love
The Star Boarder
Mabel at the Wheel
Twenty Minutes of Love
Caught in a Cabaret
Caught in the Rain
A Busy Day
The Fatal Mallet
Her Friend the Bandit
The Knockout
Mabel's Busy Day
Mabel's Married Life
Laughing Gas
The Property Man
The Face on the Bar Room Floor
Recreation
The Masquerader
His New Profession
The Rounders
The New Janitor
Those Love Pangs
Dough and Dynamite
Gentlemen of Nerve
His Musical Career
His Trysting Place
Tillie's Punctured Romabce
Getting Acquainted
His Prehistoric Past
PERIODO ESSANAY
(1915)
His New Job
A Night Out
The Champion
In the Park
A Jitney Elopement
The Tramp
By the Sea
Work
A Woman
The Bank
Shanghaied
A Night in the Show
A Burlesque on Carmen
(1916)
Police
PERIODO MUTUAL
(1916)
The Floorwalker
The Fireman
The Vagabond
One A. M.
The Count
The Pawnshop
Behind the Screen
The Rink
(1917)
Easy Street
The Cure
The Immigrant
The Adventurer
PERIODO FIRST NATIONAL
A Dog's Life (1918)
The Bond (1918)
Shoulder Arms (1918)
Sunnyside (1919)
A Day's Pleasure (1919)
The Kid (1921)
The Idle Class (1921)
Pay Day (1922)
The Pilgrim (1923)
PERIODO UNITED ARTISTS
A Woman of Paris (1923)
The Gold Rush (1925)
The Circus (1928)
City Lights (1931)
Modern Times (1936)
The Great Dictator (1940)
Monsieur Verdoux (1947)
Limelight (1952)
PRODUÇÃO INDEPENDENTE
A King in New York (1957)
A Countess From Hong Kong (1967)
É o caso de The Immigrant, 1917, que foca a miséria que força à procura de uma vida melhor nos EUA, país que acolheu o próprio Chaplin e fez dele um milionário, mas que também foca a violência muitas vezes exercida pela autoridade. Daí o célebre e politizado pontapé no traseiro do oficial de imigração, objecto de polémica na altura. Dizia Chaplin que, "hoje e sempre, um pontapé na autoridade faz rir".
Este é um dos títulos disponíveis na edição recentemente lançada em Portugal com curtas-metragens de Charles Chaplin, pela Divisa: Chaplin - Todas as Suas Curtas-Metragens para a Essanay e a Mutual. Trata-se da sua produção na segunda e terceira empresa por onde passou, num período que vai de 1915 a 1917, e uma oportunidade de ouro para conhecer trabalho muito significativo, no âmbito de uma colecção que dá pelo nome de Orígenes del Cine.
Na verdade, é nestes anos que Chaplin apura a sua personagem de sempre - ou quase sempre - que não é mais do que um vagabundo, mas de maneiras requintadas, sem sorte na vida, que consegue ir do egoismo ao maior dos corações, e que acaba (quase) sempre sozinho, longe de um emprego, de uma casa ou de uma companheira.
Até então, na Keystone, Chaplin não só não tinha plenos poderes, como fez do vagabundo um canal para pouco mais do que o puro "gag", salvo algumas excepções.
Só depois, na First National, o vagabundo se revela um evidente canal de reflexão de Chaplin sobre a sociedade, com destaque para A Dog's Life, The Pilgrim e, sobretudo, The Kid.
Tal facto torna-se evidente nas produções para a United Artists, onde roda os celebérrimos The Gold Rush, que recentemente vimos na Mostra de Cinema Não Europeu, The Circus e, muito especialmente, City Lights, com o mais belo Grande Plano que alguma vez fechou um filme (ver foto), e Modern Times, um hino venenoso à modernidade, ao cinema, ao consumo, à classe trabalhadora, ao patronato, a tantas coisas mais da sociedade que recuperava da Grande Depressão.
Abandona o vagabundo no momento em que o faz falar, depois de uma resistência contra todos ao cinema sonoro, mas projectando-o para além de si durante mais dois filmes, pelo menos, e até hoje pelo seu legado. Eis a Filmografia:
PERIODO KEYSTONE (1914)
Making a Living
Kid Auto Races at Venice
Mabel's Strange Predicament
Between Showers
A Film Johnnie
Tango Tangles
His Favorite Pastime
Cruel, Cruel Love
The Star Boarder
Mabel at the Wheel
Twenty Minutes of Love
Caught in a Cabaret
Caught in the Rain
A Busy Day
The Fatal Mallet
Her Friend the Bandit
The Knockout
Mabel's Busy Day
Mabel's Married Life
Laughing Gas
The Property Man
The Face on the Bar Room Floor
Recreation
The Masquerader
His New Profession
The Rounders
The New Janitor
Those Love Pangs
Dough and Dynamite
Gentlemen of Nerve
His Musical Career
His Trysting Place
Tillie's Punctured Romabce
Getting Acquainted
His Prehistoric Past
PERIODO ESSANAY
(1915)
His New Job
A Night Out
The Champion
In the Park
A Jitney Elopement
The Tramp
By the Sea
Work
A Woman
The Bank
Shanghaied
A Night in the Show
A Burlesque on Carmen
(1916)
Police
PERIODO MUTUAL
(1916)
The Floorwalker
The Fireman
The Vagabond
One A. M.
The Count
The Pawnshop
Behind the Screen
The Rink
(1917)
Easy Street
The Cure
The Immigrant
The Adventurer
PERIODO FIRST NATIONAL
A Dog's Life (1918)
The Bond (1918)
Shoulder Arms (1918)
Sunnyside (1919)
A Day's Pleasure (1919)
The Kid (1921)
The Idle Class (1921)
Pay Day (1922)
The Pilgrim (1923)
PERIODO UNITED ARTISTS
A Woman of Paris (1923)
The Gold Rush (1925)
The Circus (1928)
City Lights (1931)
Modern Times (1936)
The Great Dictator (1940)
Monsieur Verdoux (1947)
Limelight (1952)
PRODUÇÃO INDEPENDENTE
A King in New York (1957)
A Countess From Hong Kong (1967)
LG
Sem comentários:
Enviar um comentário