Em Maio último foi noticiado que o filme A Guerra de Beatriz, primeira produção timorense, necessitava de 15 mil dólares. Esta verba destinava-se a concluir a pós-produção, bem como a tiragem de cópias para festivais mundo fora.
Meio ano depois, surge a melhor das recompensas para uma obra que enceta a produção cinematográfica em Timor Loro Sae. O filme de Bety Reis e do italiano Luigi Acquisto ganhou o Pavão de Ouro na categoria de melhor filme no 44º Festival de Cinema da Índia.
A produção começou quatro anos atrás pela Dili Film Works e pela australiana Fair Trade Films; e tem na sua origem uma petite histoire francesa, de amor, do século XVI que, adaptada à realidade timorense, centra-se entre 1975 e 2002. O amor de Beatriz pelo seu marido é contado a partir da aldeia de Kraras, onde em 17 de Setembro de 1983 teve lugar um massacre pela mão de soldados indonésios.
Talvez esta vitória, num festival de um país hindu, não seja inocente. A Indonésia é um país muçulmano e a tensão entre as duas religiões dá muitas dores de cabeça à Índia (e ao Paquistão), os de Caxemira que o digam. De todo o modo, o filme terá certamente os seus méritos próprios.
Tavira, como todo o país, espera por ele. Trata-se de um filme que está carregado de todo um simbolismo, todo um significado, que já fez História, que é História.
O Cineclube de Tavira tem de o exibir. Duas vezes pelo menos!
Abraços Cineclubistas.
LG
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