Confessamos a desatenção. É graças ao Google, que hoje (e com muita justiça) celebra a efeméride, que verificamos que, se vivo fosse, François Truffaut celebraria hoje 80 primaveras.
Infelizmente, como é sabido, um tumor cerebral tirou-lhe a vida vai para 28 anos, interrompendo uma carreira com muito ainda para dar ao cinema francês e mundial.
Fundador do movimento Nouvelle Vague com Jean-Luc Goddard, Eric Rohmer, Alain Resnais, Jacques Rivette e Claude Chabrol; é com estes "pré-realizadores" e críticos da Cahiers du Cinéma que rompe em definitivo com o decadente cinema francês do Pós-Guerra, preso ao que restava do Realismo Poético.
Esta nova geração, está apostada em transgredir intransigentemente as barreiras canónicas narrativas, ao mesmo tempo que procura restaurar o cinema de autor. Procede-se a uma recriação da construção de diálogos os quais, tal como a montagem e a radical saída dos estúdios para rodar em exteriores, focam as impressões mais banais e quotidianas em torno das personagens, atingindo bastas vezes o cliché, satirizando ou parodiando a própria linguagem cinematográfica. Mas, e sobretudo, trata-se de um cinema que se constrói em torno da psicologia do sujeito, das suas paixões e desejos, um cinema impregnado de erotismo pungente que confronta o espectador com toda uma série de novas questões.
Todavia, e tal como outros, Truffaut distancia-se desta linha. Aproxima-se de um modelo mais classicista, o que o torna, porventura, no mais popular e admirado da sua geração. Assim, depois de Les 400 Coups, Tirez Sur le Pianiste e Jules et Jim, entre 1959 e 1962, filmes absolutamente "nouvellevaguianos"; roda Farenheit 451, obra futurista de Ray Bradburry. Com este filme e a sua notoriedade nos prémios BAFTA e no Festival de Veneza em 1966, François Truffaut internacionaliza-se definitivamente.
Em 1973 o filme La Nuit Américaine vence o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, obra cinematográfica sobre o cinema, o filme dentro do filme, transportando o espectador para o lado de dentro, arrastando-o para o lugar de realizador, de actor e sobretudo de actriz, pois Truffaut sempre dispensou à mulher um lugar destacado de observação enquanto cineasta.
Em 1977 interpreta o investigador Lacombe em Close Encounters of the Third Kind de Steven Spielberg. Este, rendendo-lhe homenagem, confessa, como Quentin Tarantino, Brian DePalma ou Martin Scorsese, a sua influência nos seus percursos.
LG
Filmografia:
1955 - Une Visite (curta-metragem)
1957 - Les Mistons (curta-metragem)
1958 - Une Histoire d'Eau (curta-metragem co-realizada com Jean-Luc Goddard)
1959 - Les 400 Coups
1960 - Tirez Sur le Pianiste
1960 - Tire-au-Flanc (co-realizado com Claude de Givray)
1962 - Jules et Jim
1962 - L'Amour à 20 Ans (sketch "Antoine et Colette")
1964 - La Peau Douce
1966 - Farenheit 451
1968 - La Mariée Était en Noir
1968 - Baisers Volés
1969 - La Sirène du Mississipi
1970 - L'Enfant Sauvage
1970 - Domicile Conjugal
1971 - Les Deux Anglaises et le Continent
1972 - Une Belle Fille Comme Moi
1973 - la Nuit Américaine
1975 - L'Histoire d'Adèle H.
1976 - L'Argent de Poche
1977 - L'Homme Qui Amait les Femmes
1978 - La Chambre Verte
1979 - L'Amour en Fuite
1980 - Le Dernier Métro
1981 - La Femme d'à Coté
1983 - Vivement Dimanche!
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