É justamente de um Giulio que se trata: Giulio Andreotti, a mais marcante personalidade política italiana desde o Pós-Guerra. De enorme carisma, é um homem aparentemente tranquilo, a sua vida privada não transparece para o exterior, politicamente activo mas na sombra.
É desta figura que trata o filme Il Divo de Paolo Sorrentino, que tem na interpretação de Toni Servillo a sua grande virtude, interpretando um homem também conhecido por não exteriorizar qualquer emoção. É famoso o caso do sequestro e assassinato de Aldo Moro, seu companheiro de partido.
Dadas as situações polémicas em torno de suspeitas ligações a organizações menos honestas e manobras políticas de Andreotti, muito se tem falado no âmbito desta produção em The Godfather de Coppola, bem como dos biopics de figuras políticas realizados por Oliver Stone. Mas Servillo, ao contrário de Marlon Brando ou Anthony Hopkins, consegue não representar mas tornar-se Giulio Andreotti , sustentado pela câmara de Sorrentino que lhe transmite uma aura de Herói Antigo de tragédia grega, como se Servillo fosse o lado divinizante de Andreotti, apesar de não se dirigir nunca a Deus. Segundo o próprio político, "os padres votam, Deus não."
Divino ou não, Andreotti como César, Giulio como ambos, as referências de Sorrentino atravessam o filme, hoje, altura em que a política em Itália também se faz de escândalos e ligações pouco claras. Só que Berlusconi não é Giulio, e muito menos é Divo...
Para comparar e pensar, na sessão de amanhã do Cineclube.
LG
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