Amanhã no nosso Cineclube, o filme Hunger vai ser um forte momento de cinema. Falo por aproximação, uma vez que só tive oportunidade de o visionar em DVD; e confesso a "inveja" que tenho dos companheiros cineclubistas que estão em Tavira...
Realizado em 2008 por Steve McQueen (o outro Steve McQueen), é nada menos que a sua primeira obra, premiada em Cannes com a Camera d'Or. E que primeira obra! Os presos políticos do IRA fazem alguns protestos no sentido de melhorar a sua condição de prisioneiros. É baseado em factos reais mais ou menos recentes de que alguns de nós se conseguem lembrar, facto que aguça a profundidade desta obra, tão "parada" ou violenta - física e psicologicamente - quanto pode ser a vida na prisão.
Tendo como figura central o célebre Bobby Sands, o seu activismo e greve de fome são o fio condutor que nos transporta pelos frios, claustrofóbicos, impessoais e escuros espaços dos corredores e celas da prisão; magistralmente interpretado por Michael Fassbender. As mensagens clandestinas, a greve ao corte de cabelo, o protesto dos excrementos, as agressões dos guardas prisionais, tudo está tratado com a agressividade conveniente; ou de forma contemplativa quando deve ser. É inevitável a comparação com a fome e morte de Christopher em Into the Wild e, tal como nessa obra que vimos o Verão passado, convida à reflexão sobre a vida e a sociedade que temos.
Segura realização de McQueen, num equilíbrio entre a humanidade e a violência não sem cair em excessos, mas vincando-os à medida das necessidades, fazendo decididamente mexer com os sentidos dos espectadores no escuro e na grande tela...
LG
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