Esta 6ª feira chega ao Cineclube de Tavira o documentário de Gonçalo Tocha É na Terra não é na Lua.
Em ano e meio de rodagem Tocha recolheu muitas "milhas" de material, que acabou por resultar numa montagem que dá à narrativa um retrato diário.
Esta opção, resulta também da familiaridade desenvolvida com a população, o que compromete a plenitude, porventura, do retrato social anunciado, de uma comunidade que, como se lê na sinopse, conta com 450 habitantes, uma escola, um posto médico, um restaurante, um avião cada três dias.
Mas não é por isso que o trabalho de Gonçalo Tocha não tem mérito. A equipa de rodagem fez parte, afectuosamente, das famílias da Ilha do Corvo, absorveu histórias, absorveu lágrimas e risos, que nos devolve a nós, espectadores, embrulhadas pela paisagem de mar, de terra com cheiro a verde, com as cores da Lagoa da cratera, com a imponência do Monte Gordo.
Lugares que não são da Lua, são bem na Terra, como Tocha quis sublinhar, gritando que há lugares assim, longe do bulício, dos bombardeamentos comerciais, da infestação da vida a correr. Ali, no extremo ocidental da Europa que se afunda, sobrevive o Corvo, que António Escudeiro filmou em 1977, e que na altura tinha 350 habitantes, marcados pelas histórias de existência precária e subsequente imigração.
Mas em 1977, como em 2007, ano em que Gonçalo Tocha chegou ao Corvo, os 17 quilómetros quadrados de ilha e da sua vida encerram o que José de Matos-Cruz escreveu um dia a propósito do filme de António Escudeiro (Ilha do Corvo, 1977): "dinâmica profundamente marcada pela condição impressionante da (bela) paisagem - nesta terra de futuro incerto, fora das rotas acessíveis e usuais".
Um retrato a levar em conta e para contemplar, na próxima sessão do Cineclube de Tavira.
E ATENÇÃO! A soiré ocorre excepcionalmente na 6ª feira, dia 2 de Novembro. Como de costume, às 21:30h, no Cine-Teatro António Pinheiro.
LG
Sem comentários:
Enviar um comentário